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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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e seu amigo e chefe Carlos Ventura passam por uma busca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que envolve<br />

todo um processo histórico <strong>de</strong> um país que sofreu com as marcas da ditadura salazarista.<br />

A história, permeada pela ficção, do que teria sido a vida <strong>de</strong> Marta Bernardo, o amor<br />

<strong>de</strong>saparecido <strong>de</strong> José Viana na época da ditadura, e que é confundida com Julia, a autora<br />

<strong>de</strong>ssa ficção, é calcada também na linha tênue entre a ficção e a realida<strong>de</strong>, pelo fato <strong>de</strong><br />

os personagens se intercalar<strong>em</strong> na suposição <strong>de</strong> fatos que tanto se ass<strong>em</strong>elham com o<br />

passado e a atualida<strong>de</strong> da política, o que resultou <strong>em</strong> profundas marcas na socieda<strong>de</strong><br />

portuguesa.<br />

Por tudo isso, <strong>em</strong> Pedro e Paula (1998) não po<strong>de</strong>ria ser diferente, já que, como<br />

diss<strong>em</strong>os, o traço <strong>de</strong> mesclar ficção e realida<strong>de</strong> entre as r<strong>em</strong>iniscências políticas e<br />

sociais <strong>de</strong> Portugal é característica marcante da escrita macediana. O romance apresenta<br />

um grito <strong>de</strong> libertação <strong>de</strong> uma nação que sofreu as conseqüências <strong>de</strong> uma ditadura<br />

política. Antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntramos seu enredo, vejamos como ocorreu a transição da ditadura<br />

salazarista para a <strong>de</strong>mocracia, <strong>em</strong> Portugal, fato <strong>de</strong> fundamental importância para o<br />

entendimento <strong>de</strong> nosso estudo.<br />

De acordo com Nogueira (1985), Portugal teve, <strong>em</strong> 1910, uma República<br />

Parlamentar, <strong>de</strong> leve tendência esquerdista, mas foi <strong>de</strong>rrubada <strong>em</strong> 1926 por um golpe<br />

militar. Esse regime, formalmente inaugurado <strong>em</strong> 1928, tinha como ministro da<br />

Fazenda António <strong>de</strong> Oliveira Salazar, que <strong>de</strong>cidiu basear sua política no mesmo mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Mussolini, ou seja, no mo<strong>de</strong>lo fascista, o que fez que sua ascendência fosse notória<br />

entre a burguesia, e com isso construiu prestígio nacional.<br />

Em 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1930, durante o governo <strong>de</strong> Domingos Oliveira, a União<br />

Nacional foi fundada por meio <strong>de</strong> um discurso <strong>de</strong> Salazar, intitulado Princípios<br />

Fundamentais da Revolução Política, que visava criticar as <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns cada vez mais<br />

graves do individualismo, do socialismo e do parlamentarismo. Um ano <strong>de</strong>pois, Salazar<br />

assumiu a condição <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> estado e iniciou o totalitarismo. Em 1932, como<br />

Presi<strong>de</strong>nte do Conselho <strong>de</strong> Ministros, passou a dirigir, então, o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> Portugal, até<br />

1968.<br />

No manifesto oficial <strong>de</strong> lançamento da União Nacional, <strong>em</strong> 1933, foram<br />

<strong>de</strong>finidas as bases da nova or<strong>de</strong>m constitucional, ficando assim <strong>de</strong>finida a Constituição<br />

<strong>de</strong> 1933 – o Estado Novo. As regras que regiam tal constituição se baseavam, por<br />

excelência, <strong>em</strong> princípios fascistas: adoção <strong>de</strong> partido único, proibição das<br />

manifestações populares, criação <strong>de</strong> polícia política, propaganda <strong>de</strong> massa, assim como<br />

perseguição aos que se opunham ao regime. Em 1934, a União Nacional concorreu às<br />

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