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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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humana da narrativa, pois cada personag<strong>em</strong> se insere na teia <strong>de</strong> acontecimentos<br />

ficcionais, dotados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> realismo, porém ficcionais.<br />

Muitos fatores estão calcados no que verificamos quanto aos aspectos do caráter<br />

social na literatura. A linguag<strong>em</strong> é um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos, e verificada enquanto função<br />

dialética, segundo Bakhtin, consistiria <strong>em</strong> se ver a palavra integrada a um processo<br />

contínuo, ou seja a estrutura da enunciação e da ativida<strong>de</strong> mental a exprimir são <strong>de</strong><br />

natureza social. (BAKHTIN, 1981, p. 122). A palavra, seja ela escrita ou verbal, é<br />

carregada <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia <strong>em</strong> todo seu processo cíclico <strong>de</strong> criação, utilização e<br />

compreensão; seria a mediadora entre o individual e o social, quer dizer: [...] ela (a<br />

palavra) está s<strong>em</strong>pre carregada <strong>de</strong> um conteúdo ou <strong>de</strong> um sentido i<strong>de</strong>ológico ou<br />

vivencial, (BAKHTIN, 1981, p. 95).<br />

Bakhtin (1981) <strong>em</strong>prega a ela essa excelência social enquanto signo lingüístico:<br />

[...] a palavra penetra literalmente <strong>em</strong> todas as relações entre<br />

indivíduos, nas relações <strong>de</strong> colaboração, nas <strong>de</strong> base i<strong>de</strong>ológica, nos<br />

encontros fortuitos da vida cotidiana, nas relações <strong>de</strong> caráter político,<br />

etc. As palavras são tecidas a partir <strong>de</strong> uma multidão <strong>de</strong> signos<br />

i<strong>de</strong>ológicos e serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> trama <strong>de</strong> todas as relações sociais, mesmo<br />

daquelas que apenas <strong>de</strong>spontam, que ainda não tomaram forma, que<br />

ainda não abriram caminhos para sist<strong>em</strong>as i<strong>de</strong>ológicos estruturados e<br />

b<strong>em</strong> formados [...] A palavra é capaz <strong>de</strong> registrar as fases transitórias<br />

mais íntimas, mais efêmeras das mudanças sociais (BAKHTIN, 1981.<br />

p. 41).<br />

Dessa forma, <strong>de</strong>duzimos do raciocínio do filósofo que, se a palavra é subsidiada<br />

pela i<strong>de</strong>ologia, logo é representante <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo social. Tom<strong>em</strong>os como<br />

ex<strong>em</strong>plo Bakhtin, que iniciou seus estudos num país tomado pela ditadura <strong>de</strong> Stalin e<br />

aperfeiçoou-o com o momento da revolução <strong>de</strong> Bolchevique. Seu pensamento<br />

acompanhava os i<strong>de</strong>ais crescentes do meio social <strong>em</strong> que vivia; mais do que isso,<br />

transformou-o num gran<strong>de</strong> repercussor <strong>de</strong> uma percepção libertária <strong>de</strong> sua nação,<br />

tomando a arte como enfoque inicial. Da mesma maneira verificamos a produção <strong>de</strong><br />

autores, pesquisadores e profissionais <strong>de</strong> diversas áreas que utilizam a palavra, a fala, o<br />

enunciado como vitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, como saber Hel<strong>de</strong>r Macedo, que constrói, no<br />

romance <strong>em</strong> questão, suas personagens, numa linha tênue entre a ficção e a realida<strong>de</strong>,<br />

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