Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Literary Supplement, Modern Language Review, Quaderni Portoghesi, Graal, Colóquio
Letras, O Tempo e o Modo, Hidra I, Nova Renascença, Expresso, JL, Diário de Lisboa
e Diário de Notícias.
Ademais, é membro associado da Academia das Ciências de Lisboa, Emeritus
Professor of Portuguese do King’s College, e Comendador da Ordem de Santiago da
Espada.
Retornando aos traços que caracteriza a escrita macediana, outro que lhe é muito
peculiar é mostrar a política e o social em suas obras. Em Partes de África (1991) a
memória é retratada por meio de relatos e lembranças em terras da África colonial, em
que o narrador, também denominado Helder Macedo, conta em detalhes os fatos de sua
infância e juventude, que se mesclam entre ficção e realidade, em meio à guerra e à
independência dos países-colônias de Portugal. Nesses relatos, o narrador exibe a face
escura e dominadora da política salazarista e da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa
do Estado) e o grito inicial, mesmo que fraco, da democracia, tendo como precursor o
movimento militar. Isso tudo, mesclado à fronteira entre ficção e realidade, dentre
memórias de sua juventude e infância.
O mesmo jogo entre verdades ficcionais e históricas ainda é lembrado em Vícios
e Virtudes (2000), quando mais uma vez o narrador Helder Macedo entra em ação para
destacar a história de Joana, que tenta retratar como principal personagem de seu livro,
sendo ultrapassado na corrida, pela publicação deste, pelo amigo Francisco de Sá
Mendes, também escritor e amante de Joana, e que terminou antes seu romance acerca
da mesma personagem. Como Joana é mostrada pelo narrador como uma mulher
semelhante à figura histórica da mãe de Dom Sebastião, princesa Joana de Áustria; o
amigo Sá Mendes, já com seu livro disponibilizado pelas livrarias, suscita hipóteses
acerca da produção ainda inacabada de Helder Macedo, pois acredita que seu livro
discorre sobre a busca pela identidade nacional portuguesa metaforizada pela figura
histórica de Joana, a mãe de Dom Sebastião.
Enfim, as incertezas e probabilidades também estão presentes em Vícios e
Virtudes (2000), pois Joana é absurdamente mentirosa, o que resulta num trabalho árduo
de investigação para o narrador, já que resolveu desvendar sua identidade e transformá-
la na personagem principal de seu romance.
Seguindo o mesmo caminho no tecer das linhas da história e da ficção, Sem
Nome (2005) é o romance macediano em que a memória política é profundamente
retratada no discorrer de suas linhas. O advogado José Viana, a jornalista Júlia de Souza
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