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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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para a irmã, mas agora aos berros: “Traidor! Canalha! Este é da Pi<strong>de</strong>!<br />

Traidor! É da Pi<strong>de</strong>! É da Pi<strong>de</strong>!”, p. 210.<br />

Em ambas as passagens po<strong>de</strong>mos constatar que a ironia é muito presente.<br />

Principalmente no que diz respeito à personag<strong>em</strong> Pedro, da mesma forma que José é<br />

construído. Mas, como já verificamos, Pedro é escolhido para simular o grotesco da<br />

condição humana, uma vez que foi largamente incumbido <strong>de</strong> herdar os valores do pai.<br />

Nesse sentido, enten<strong>de</strong>mos que é a partir <strong>de</strong>sse recurso utilizado na construção<br />

<strong>de</strong> Pedro e nas <strong>de</strong>mais personagens vítimas da i<strong>de</strong>ologia dominante que o narrador, por<br />

contraste, engran<strong>de</strong>ce a personag<strong>em</strong> Paula. É para ela que as características sublimes<br />

são direcionadas, narradas <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhes mínimos, conforme verificar<strong>em</strong>os adiante.<br />

3.2 A construção <strong>de</strong> Paula: a ambigüida<strong>de</strong> da sedução <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r<br />

Paula representa uma espécie <strong>de</strong> perfeição, na narração <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r. Os <strong>de</strong>talhes<br />

utilizados <strong>em</strong> sua construção são minuciosos e ricos, nos quais se po<strong>de</strong> constatar a<br />

admiração do narrador, muito antes <strong>de</strong> esse confessar sua preferência por ela. A<br />

composição dos <strong>de</strong>talhes utilizados para as outras personagens, <strong>em</strong> comparação aos<br />

atribuídos a Paula, caminham para que essa seja enaltecida entre os <strong>de</strong>mais. É ela a<br />

única que se liberta totalmente das amarras que lhe tentaram impor.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer, como já verificamos anteriormente, que Fernanda é outra<br />

personag<strong>em</strong> que obtém ascensão no romance, no sentido <strong>de</strong> livrar-se do rótulo <strong>de</strong><br />

“menina <strong>de</strong> horizontes limitados”, como se referia Pedro. Mas a ela não estão<br />

direcionados os <strong>de</strong>talhes mais ricos que a narração apresenta, n<strong>em</strong> tampouco o<br />

livramento maior, que seria sua libertação quanto à presença maléfica <strong>de</strong> Pedro, pois<br />

Fernanda representa valores e comportamentos a ser<strong>em</strong> execrados, como sua voraz<br />

conversão ao capitalismo e ao consumismo, metaforizados na sua cirurgia <strong>de</strong><br />

lipoaspiração. Mesmo que Fernanda tenha promovido uma espécie <strong>de</strong> manipulação do<br />

marido, ela continua sua companheira; entretanto, obtém a segunda posição entre os<br />

sentimentos dúbios e estranhos que Pedro nutre por Paula, que são maiores que o<br />

companheirismo que <strong>de</strong>senvolveu <strong>em</strong> relação a Fernanda.<br />

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