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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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um meio <strong>de</strong> revelação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento do caráter como que<br />

acabado do hom<strong>em</strong>. Não, aqui o hom<strong>em</strong> não apenas se revela<br />

exteriormente como se torna, pela primeira vez, aquilo que é,<br />

repetimos, não só para os outros mas também para si mesmo, p. 27.<br />

Por meio das vozes que Macedo cria, carregadas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias, certezas e<br />

incertezas, e pelo fato <strong>de</strong> seu romance se ass<strong>em</strong>elhar estreitamente com o real,<br />

verificamos a presença nítida do diálogo, como ponte ligando autor-obra-público, pois é<br />

assim que funciona a obra literária.<br />

A respeito da influência que um autor possa exercer, no momento da concepção<br />

da obra, Candido (1985, p. 25) esclarece:<br />

O que chamamos arte coletiva é a arte criada pelo indivíduo a tal<br />

ponto i<strong>de</strong>ntificado às aspirações e valores do seu t<strong>em</strong>po, que parece<br />

dissolver-se nele, sobretudo levando <strong>em</strong> conta que, nestes casos,<br />

per<strong>de</strong>-se quase s<strong>em</strong>pre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do criador protótipo.<br />

Em A literatura e a formação do hom<strong>em</strong>, Candido (1972) sublinha que a obra<br />

literária exerce função humanizadora, que consiste <strong>em</strong> incitar o leitor a conciliar a<br />

fantasia - que seria uma necessida<strong>de</strong> universal – à própria realida<strong>de</strong>, e com isso<br />

contribuir para a formação <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong>.<br />

A esse respeito, a literatura não seria um sist<strong>em</strong>a, mas sim uma expressão<br />

humana participante na formação do hom<strong>em</strong> e influenciada por uma certa função<br />

psicológica, constatada, também, como uma necessida<strong>de</strong> universal.<br />

Nesse caso, o indivíduo passaria por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta, por intensa<br />

ativida<strong>de</strong> crítica, cabendo a ele, unicamente, aceitar ou não a sua i<strong>de</strong>ntificação com a<br />

obra a partir <strong>de</strong> seu contexto.<br />

Citando Roman Ingar<strong>de</strong>n, consi<strong>de</strong>rado o precursor dos lugares in<strong>de</strong>terminados<br />

no texto literário, Zilberman, <strong>em</strong> Fim dos livros, fim dos leitores? (2002, p. 50) comenta<br />

que os objetos ficcionais particularizam-se antes pela falta que pela presença. Em vista<br />

disso, o texto é caracterizado por lacunas, vazios e pontos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação,<br />

resultantes da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a linguag<strong>em</strong> refletir, <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong>, o objeto<br />

<strong>de</strong>signado.<br />

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