Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

criar admirações, amizades talvez menos. Mas em todo o caso criou
uma pequena corte à sua volta, sempre em terreno próprio, recostado
na poltrona, entre paredes, estudando, lendo, ouvindo música, falando
para e sendo ouvido por quem o visitasse, enquanto Paula, que desde
logo havia considerado a casa mais dele do que dela dadas as
circunstâncias e os temperamentos, começava a explorar outras vias
possíveis no vasto lá fora, ela apostamente armada em seu formoso
cavalo e ele em alto aposento, cada um a seu modo revertendo as
expectativas tradicionais do que deveriam ser as recônditas donzelas
e os audazes cavaleiros. Em suma: porque sim e porque não, Pedro
dera a Paula as fundações da sua liberdade, p. 58-9.
Outro aspecto verificado como dominador é a relação que ele não tinha somente
com a irmã, mas também com Fernanda, a namorada, que ficou grávida e anos mais
tarde aparece independente, e com o filho. A moça logo chamou sua atenção pelas
formas físicas tão delicadas. Mesmo imaginando que, pelo tipo físico, futuramente
poderia engordar, ela lhe pareceu convidativa a ponto de ser “cuidada”, o que o
direcionava para o mesmo caminho que os sentimentos por Paula lhe instigavam:
Pequenita, cara bonitinha, um sorriso lindo, olhos muito atentos,
peito cheio, pernas curtas e ancas sólidas prenunciando futuras
expansões, mas tão radiosamente jovem e aberta e confiante que dava
logo vontade de protegê-la. p. 59.
Mas Pedro logo perdeu o entusiasmo pelos encantos de Fernanda, pois não
conseguia driblar o sentimento dúbio que tinha por Paula, a saber, projetava a imagem
da irmã em qualquer uma que pudesse se envolver com ele, conforme menciona o
narrador, de forma bastante astuta.
Em carta que Pedro escreve para os pais (a qual nunca foi enviada, pois era mais
uma confissão íntima, aquilo que realmente pensava), o jovem estudante comenta sobre
Fernanda:
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