Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

sociedade, dentro do Estado. A Censura foi outro fator determinante para a ditadura,
pois seu objetivo era mais vasto: além de fiscalizar publicações periódicas, tanto
nacionais quanto estrangeiras, protegia assim a ideologia do Estado Novo e mantinha a
moral e os bons costumes. Tratava, além disso, da remodelação das mentalidades, do
enquadramento cultural e ideológico dos cidadãos, no âmbito dos princípios
doutrinários do regime salazarista.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, a ONU (Organizações das Nações
Unidas) visou à implementação da descolonização em todo o mundo, mas Salazar,
utilizando a política do Estado Novo, calcada no isolamento, negou-se a aderir a essa
descolonização, com o propósito de manter as províncias ultramarinas, o que trouxe
conseqüências negativas a Portugal, tanto culturais quanto econômicas. Sendo assim,
seguiu a guerra colonial a Guiné e a Moçambique, o que resultou em milhares de
vítimas, assim como ocasionou uma aceleração na economia de Portugal e das colônias,
abalando as estruturas sociais e políticas. Esses fatos foram fundamentais para o
declínio do regime salazarista, assim como a propulsão para o 25 de Abril.
O declínio de Salazar no regime ditatorial teve início em 1968, quando sofreu
uma queda e bateu a cabeça no chão, mas é em 1970 que morreu o ditador. A causa do
episódio da queda possui várias versões, até hoje não esclarecidas; de qualquer forma, o
adoecimento do ditador fez com que o Presidente da República Américo de Deus
Rodrigues Tomás nomeasse, em 1968, Marcello Caetano como substituto de Salazar, o
qual definiu sua política como renovação na continuidade. Apesar de haver algumas
melhorias a repressão continuou, pois Américo Tomás foi reeleito, mas com isso surgiu
a insatisfação da população, que a repressão e a censura já não mais podiam calar.
Ocorreu então a Revolução dos Cravos, golpe de estado militar que ocorreu em
25 de abril de 1974, perante uma revolta do MFA (Movimento das Forças Armadas).
Secco (2004) explica que esse golpe, conduzido pelos seus oficiais militares, que, em
grande parte, haviam participado da Guerra Colonial, derrubou nesse dia, sem muita
resistência (salvo da PIDE, que atirou em quatro pessoas que se manifestavam em frente
à sua sede), o regime ditador e de inspiração fascista que subjugou Portugal por cerca de
49 anos. Com isso Marcello Caetano, deposto e destituído de todos os seus cargos,
exilou-se no Brasil, juntamente com a família. Destino semelhante ocorreu a Américo
Tomás, demitido do cargo e expulso da Marinha, que o enviou para a ilha da Madeira,
partindo de lá em exílio para o Brasil.
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