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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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O cravo, símbolo da Revolução e que lhe <strong>em</strong>prestou o nome, foi um símbolo<br />

utilizado pelos soldados, que colocaram essas flores nos canos <strong>de</strong> suas espingardas.<br />

Entre os portugueses, a <strong>de</strong>nominação 25 <strong>de</strong> Abril também é fort<strong>em</strong>ente usada para<br />

rel<strong>em</strong>brar o acontecimento. Com o fim da ditadura, logo <strong>em</strong> seguida a população pô<strong>de</strong><br />

com<strong>em</strong>orar o 1º <strong>de</strong> maio, fato que não ocorria há anos. Da mesma forma, o processo <strong>de</strong><br />

reconstrução foi organizado pela Junta <strong>de</strong> Salvação Nacional, constituída pelos militares<br />

e que proce<strong>de</strong>u a um governo <strong>de</strong> transição.<br />

Em 25 <strong>de</strong> abril também ocorreu a primeira eleição, <strong>de</strong> cunho livre, para eleger a<br />

Ass<strong>em</strong>bléia Constituinte, para a qual foi eleito o PS (Partido Socialista), que elaborou<br />

uma nova Constituição, <strong>em</strong> 1976, a qual apenas não teve a participação do CDS<br />

(Partido D<strong>em</strong>ocrata Social), <strong>em</strong> sua aprovação. O renascer <strong>de</strong> Portugal não foi fácil, e<br />

com isso houve ainda alguns confrontos entre as facções <strong>de</strong> esquerda e direita, mas o<br />

exílio era forçado às personalida<strong>de</strong> que ainda se i<strong>de</strong>ntificavam com os i<strong>de</strong>ais do Estado<br />

Novo e resistiam à nova política <strong>de</strong>mocrática do país.<br />

É nesse clima <strong>de</strong> ditadura, guerra e revolução que as personagens <strong>de</strong> Pedro e<br />

Paula (1998) se instauraram. Como vimos, a ditadura salazarista visava aos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong><br />

dominação, calcados nas malhas do mo<strong>de</strong>lo fascista e promovendo, <strong>de</strong>ntre tantas<br />

opressões, uma separação acerca das atribuições dos sexos. Assim surg<strong>em</strong> as<br />

personagens masculinas e f<strong>em</strong>ininas, e cada uma é uma espécie <strong>de</strong> metáfora e<br />

espelhamento <strong>de</strong> todo esse período, que movimentou drasticamente tantas vidas nessa<br />

nação.<br />

Nesse contexto é que o narrador Hel<strong>de</strong>r Macedo 2 , cria a história dos irmãos<br />

Pedro e Paula, personagens <strong>de</strong> seu romance, gêmeos resultados da composição<br />

biológica mas totalmente diferentes <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peramentos, concepções e i<strong>de</strong>ais. Filhos <strong>de</strong><br />

José Pedro Montês a Ana Paula Freire, daí surgindo os nomes Pedro e Paula, nasc<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> 1945, <strong>em</strong> Lisboa. José e Ana são amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito, e a<br />

essa amiza<strong>de</strong> soma-se Gabriel Afonso Roriz <strong>de</strong> Ayres e Vasconcellos, também<br />

estudante na mesma faculda<strong>de</strong>, e que após a união do casal <strong>de</strong> amigos, e do nascimento<br />

dos gêmeos, torna-se o padrinho <strong>de</strong>les.<br />

Em 1947 José, já formado, parte <strong>de</strong> mudança para Lourenço Marques, <strong>em</strong><br />

Moçambique, colônia africana <strong>de</strong> Portugal, a fim <strong>de</strong> chefiar um grupo <strong>de</strong> apoio à PIDE,<br />

2 Aqui mencionamos Hel<strong>de</strong>r Macedo como exceção, apenas para enfatizar que a personag<strong>em</strong> possui o<br />

mesmo do autor. Mas, a partir do segundo capítulo, utilizar<strong>em</strong>os a <strong>de</strong>nominação Macedo para o autor, e<br />

Hel<strong>de</strong>r para o narrador. Ainda quando utilizarmos “Hel<strong>de</strong>r Macedo”, estar<strong>em</strong>os indicando o autor .<br />

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