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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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Ou talvez não tivesse sido fácil se escolha não tivesse havido [...]<br />

Quero crer, <strong>em</strong> suma, que Ana teria consi<strong>de</strong>rado [...], p. 23; Julgo que<br />

uma das principais características <strong>de</strong> José [...], p. 25; Talvez sim,<br />

talvez não, mas isso são ainda outras histórias <strong>de</strong> logo se vê, p. 58”.<br />

Ou ainda , Mas julgo que não, creio que a personalida<strong>de</strong> e as<br />

circunstâncias já <strong>de</strong>finidas o não permitiriam, fiqu<strong>em</strong>o-nos portanto<br />

pelas alternativas plausíveis, que já não são fáceis, s<strong>em</strong> complicar<br />

ainda mais a narrativa com hipóteses duvidosas [...] p. 101.<br />

Na probabilida<strong>de</strong> que constatamos na passag<strong>em</strong> que antece<strong>de</strong> o estupro <strong>de</strong> Paula,<br />

ele utiliza, além <strong>de</strong> um recurso dúbio, também a ironia:<br />

Se eu fosse dado às psicologias teríamos aqui pano que até sobrava<br />

para as vastas mangas <strong>de</strong> um colete-<strong>de</strong>-forças. Mas qu<strong>em</strong> é médico e<br />

<strong>de</strong>ve saber <strong>de</strong>ssas alfaiatarias é o Pedro, não sou eu, que sou apenas o<br />

perplexo autor <strong>de</strong>ssa história. E, como autor, julgo que o máximo que<br />

me compete é tentar abstrair <strong>de</strong>sta ex<strong>em</strong>plificativa lição a sucinta<br />

lição pública que a todos nós diz respeito [...] Sim, já <strong>de</strong>i por isso,<br />

afinal também me <strong>de</strong>u para as psicologias. Volt<strong>em</strong>os portanto <strong>de</strong><br />

novo ao resto. Não se po<strong>de</strong> evitar. A Paula, l<strong>em</strong>bram-se, estava a<br />

chorar, p. 207-208.<br />

Outro ex<strong>em</strong>plo bastante curioso, mas muito original, da ironia utilizada está no<br />

capítulo intitulado Festa é festa (1974), preenchido totalmente por reticências,<br />

terminando com apenas uma frase: Mas festa é festa, e essa já ninguém nos tira, p. 118.<br />

Tal festa se refere à Revolução dos Cravos, que <strong>de</strong>rrubou o regime salazarista.<br />

Traços assim, <strong>de</strong> improbabilida<strong>de</strong>s e ironias, são recorrentes <strong>em</strong> todo o romance,<br />

conforme já observado no capítulo anterior. E com isso verificamos a marca bastante<br />

presente <strong>de</strong> sua sedução por todo o texto. Há duas passagens que acreditamos ser as que<br />

mais representam a sedução, enquanto narrador-autor para leitor hipotético. A primeira<br />

preenche o início do capítulo “A terra e qu<strong>em</strong> a trabalha”,<br />

Bom, vamos dar uma volta a isto. Porque a partir <strong>de</strong> agora posso<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser o cauteloso inventor <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s para me tornar<br />

no confiante cronista <strong>de</strong> incertezas, pois foi quando finalmente<br />

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conheci os gêmeos. Ou, mais propriamente, que vou dizer que

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