PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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CONCLUSÕES E PROVIDÊNCIAS:<br />
SOMOS TERMINAIS: MORREMOS UM POUCO A CADA DIA<br />
O trabalho na área clínica hospitalar nos põe diariamente em contato com<br />
perdas, sofrimentos, a dor faz parte do cotidiano. Conforme a experiência do Médico<br />
João: “tem limite fase terminal, difícil saber. Afinal, hoje em dia, tem como melhorar,<br />
pode se recuperar. Será que ele vai agüentar tudo isso, será que é viável, não é viável.<br />
Tem situação que tem dizer sinto muito perdi, não vou ser super-homem, fiz o que<br />
pude, a doença foi mais forte que a gente”. Julia Kristeva (1994:9) assinala que<br />
“...Estranhamente, o estrangeiro habita em nós: ele é a face oculta da nossa identidade,<br />
o espaço que arruína a nossa morada, o tempo em que afundam o entendimento e a<br />
simpatia... o estrangeiro começa quando surge a consciência de minha diferença e<br />
termina quando nos reconhecemos todos estrangeiros, rebeldes aos vínculos e às<br />
comunidades”.<br />
Na formação e no início do desenvolvimento Profissional, a postura de<br />
onipotência diante do outro se dá enfaticamente,e, à medida que o tempo passa,<br />
modificamo-nos diante das perdas, das mortes, das separações que a própria vida nos<br />
oferece. O Médico João reflete sobre sua formação: “Quando me formei, médico<br />
recém-formado, todo mundo era viável, no sentido recuperável. Saiu daquele estado<br />
crítico, andando, fiz isso muitas vezes, pegar paciente terminal, fazer tudo que<br />
estivesse no meu alcance. Quando vim para cá, comecei a conhecer os pacientes, na<br />
1ª, 2ª, 3 ª, 4ª, 5ª, internação. Ficava caquético, as coisas iam indicando, BOA MORTE<br />
(frase do Betinho) e segui a risca. Carinho, não na cabeça, de segurar na mão, sempre<br />
presente,algumas vezes fiz paciente morrer em casa. Paciente não tem mais o que<br />
oferecer, estar com as coisas dele . Era difícil para família, até hoje, tenho família que<br />
me liga até hoje, no dia do médico, traz na páscoa, liga pra ver se eu estou aqui”.<br />
Segundo Kovács (1996:31) “durante nosso processo vital, passamos por várias mortes:<br />
fases do desenvolvimento, separações, doenças e a psicose... Muitas vezes mais do<br />
que sobrevive, reorganiza e ressignifica a vida como em algumas doenças e perdas...<br />
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