PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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A criatividade no Hospital durante a internação faz que o Paciente não fique só<br />
voltado para a doença, e permite transformar suas tensões em intenções, como<br />
comenta certo Paciente: “Brinca um com outro de dominó, as horas passam e a gente<br />
nem sente”. Cita outro Paciente como um lugar também de música: “Violão, pensei em<br />
trazer, mas agora já estou quase de alta”. Winnicott (1996:34) registra: ”no viver<br />
criativo, tanto você como eu descobrimos que tudo aquilo que fazemos fortalece o<br />
sentimento de que estamos vivos, de que somos nós mesmos”.<br />
Muitas vezes na internação o Paciente atua como a instituição e não como<br />
sujeito da instituição, copia e não cria. Entretanto o sujeito mesmo internado, precisa<br />
suavizar os efeitos dessa nova situação, não perdendo, mas reduzindo até reconquistar<br />
a sua autonomia, a sua capacidade de criar, de se inventar, e não simplesmente de<br />
repetir comportamentos. A capacidade criadora de mudar a situação, de ter outras<br />
alternativas, é inerente à base de nosso ser, o que sempre nos possibilita uma luz no<br />
final do túnel, diante de grande impasses que enfrentamos constantemente nas<br />
instituições.<br />
O sujeito tem com a instituição um vínculo tanto como parte interessada e quanto<br />
como parte integrante, assim nos diz Kaës (1991: 03). Citamos mais um exemplo de<br />
que o sujeito modifica a instituição no mesmo momento em que ela proporciona essa<br />
continuidade de vida. É o caso de um paciente que, quando se internou, tinha seu o<br />
rosto cheio de pequenas feridas e uma maior na ponta e na lateral do nariz, falava<br />
muito pouco, cabisbaixo, todo tempo com um boné em sua cabeça. Dias depois de sua<br />
internação, ele junto com outro paciente pegaram na mangueira ao lado da varanda<br />
algumas mangas e me deram uma. Na semana seguinte, observei na parede de seu<br />
quarto uma pipa pendurada. Ele comenta: “a pipa caiu aqui e peguei. Solto da varanda<br />
mesmo” Encontrava-se falante, participativo, e sorridente. Suas feridas quase que<br />
totalmente cicatrizadas. Winnicott (1996:42) cita: “Só criamos aquilo que descobrimos”.<br />
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