PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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da solidão, essencial à invenção de novos caminhos e de novos espaços, implica a<br />
existência de utopias ativas. Ideais vivos”. Diante de qualquer situação de desamparo, o<br />
sujeito precisa de pessoas que o acolha em seus projetos de vida. Viorst (1988:40) cita<br />
“Harold Searles ‘ninguém pode ser tão completamente individualizado, tão<br />
completamente ‘amadurecido’ a ponto de perder a capacidade para o relacionamento<br />
simbiótico”.<br />
O relacionamento direto e constante, vinte quatro horas, com o paciente,<br />
demonstra um aspecto essencial do trabalho do Serviço de enfermagem. Poderíamos<br />
assim dizer que a queixa do número insuficiente de enfermeiros pelos Pacientes,<br />
perpassa a demanda do sentimento de desamparo. Por exemplo, quando a Paciente<br />
Maria sugere que se poderia “melhorar a equipe colocando mais enfermeiros para ter<br />
mais atenção, porque quando tem paciente grave, eles ficam dando mais atenção e a<br />
gente fica aqui sozinho”. Tal relato tematiza que melhorar é reconhecer as<br />
necessidades individuais e atender a elas.<br />
As pessoas hospitalizadas dependem de um atendimento especializado que<br />
demanda providências. Revive perdas longe de tudo e de todos que referenciam o<br />
mundo do sujeito adoecido. E, simultaneamente, é submetido ‘as rotinas hospitalares e<br />
de necessidades que o próprio corpo demanda e solicita pessoas que cuidem dele. Tal<br />
situação faz que ele assim regrida e infantilize suas ações. A Assistente Social Ângela<br />
coloca: “o Paciente tem todo o direito de falar e se colocar e ele é derrubado na<br />
primeira pergunta. Aqui você não pergunta, só tem que tomar o remédio. Quando vai<br />
utilizar, ele vê que não tem”.<br />
Stedeford (1986:93) pondera que ”a transição gradual da infância para a vida<br />
adulta inclui uma mudança que vai desde a dependência e desamparo até a<br />
independência e autonomia”. No momento da hospitalização esse processo é invertido,<br />
num estágio de autonomia, ele regride para a dependência, já iniciado pelo processo de<br />
adoecimento.<br />
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