PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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intimamente irritado pelas ajudas que recebe. De resto, uma tal ajuda pode tornar-se<br />
inconscientemente também um expediente com o qual os familiares e amigos controlam<br />
a situação de doença. Além de tudo, um comportamento superprotetor torna-se uma<br />
confirmação externa de sua incapacidade”. São vivenciadas na relação Profissional de<br />
Saúde – Paciente, a simbiose e a ambigüidade, cujos limites não são delimitados<br />
definitivamente pela própria dinâmica inerente a toda e qualquer relação. Espera-se<br />
também nesta relação hospitalar oferecer o caminho para a individuação do sujeito.<br />
No bom desempenho do papel dos Profissionais de Saúde encontramos diretas<br />
semelhanças ao do da mãe suficientemente boa no que diz respeito ‘a adaptação do<br />
Paciente à sua internação hospitalar. Clare Winnicott (1994:37) afirma “ ‘mãe<br />
suficientemente boa’ é um termo utilizado na descrição da dependência que pertence à<br />
primeiríssima infância. A implicação é que a saúde mental tem de se fundar, em todos<br />
os casos, na mãe, que, na saúde, atende às necessidades que o seu nenê tem de<br />
minuto a minuto. O que o bebê precisa, e necessita de modo absoluto, não é algum<br />
tipo de perfeição de maternagem, mas uma adaptação suficientemente boa, aquela que<br />
faz parte de uma relação viva em que a mãe temporariamente se identifica com o seu<br />
bebê. A fim de poder identificar-se com seu bebê no grau necessário, a mãe precisa ser<br />
protegida da realidade externa, de maneira a que possa desfrutar de um período de<br />
preocupação, com o bebê sendo o objeto dessa preocupação. A fim de poder perder<br />
este alto grau de identificação à medida que o bebê passa da dependência para<br />
independência, a mãe precisa ser saudável, no sentido de não estar sujeita à<br />
preocupação mórbida”.<br />
A difícil adaptação a esta nova situação de internação pode se manifestar no<br />
Paciente numa série de manifestações de ansiedade como a insônia, a irritação, as<br />
reações depressivas, freqüentes mudanças de humor e outras. Sentimentos de<br />
ambivalência, de vulnerabilidade, de fragilidade. Medo de se contagiar com cuidados<br />
ou se contaminar com descuidos? A Paciente Maria diz que quer ficar perto dos filhos<br />
para cuidar deles. Ao mesmo tempo, é como se pairasse a dúvida de poder contaminá-<br />
los, ou talvez se contaminar? Essa ambivalente angústia diante do estar doente muitas<br />
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