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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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inconsciente é defensivo, servindo para poupar o profissional da ansiedade pois<br />

experimentam lutos reduplicados e repetidos. Cuidamos melhor dos pacientes terminais<br />

na medida em que nos permitimos contemplar nossa própria mortalidade, e, portanto,<br />

não precisando fugir da mortalidade dos outros. Júlia Kristeva (1994:202) “o estranho<br />

está em mim, portanto, somos todos estrangeiros. Se sou estrangeiro, não existem<br />

estrangeiros”.<br />

Fala de uma certa médica: “sofremos quando perdemos um ente querido e<br />

quando perdemos um ente cuidado”. A compaixão (e muitas vezes outros motivos) faz<br />

as pessoas cuidarem do paciente terminal, apesar do seus medos, e aprenderem a<br />

dominar aquela parte do seu ser que, normalmente, rejeitaria isso. De certo modo,<br />

todos ficam acostumados à morte; não se tornam insensíveis, mas capazes de expor-se<br />

mais demoradamente à sua presença. Por outro lado, ao perder recentemente uma<br />

pessoa querida, alguém gravemente enfermo em casa, fica mais vulnerável do que o<br />

habitual, e isso deve ser levado em consideração, pois em alguns momentos essa<br />

barreira é rompida. Julia Kristeva (1994:196) assinala que “diante do estrangeiro que<br />

recuso e ao qual me identifico ao mesmo tempo, perco os meus limites”.<br />

A doença grave ou a morte de um colega causam, portanto, um sofrimento muito<br />

grande porque esta defesa é temporariamente anulada. A equipe tende a comportar-se<br />

como os familiares ansiosos ou desolados. A identificação ocorre poderosamente. A<br />

equipe precisa de tempo para elaborar esse acontecimento e compreender que o<br />

trabalho parecerá mais tenso, por algum tempo, até que as defesas sejam<br />

restabelecidas. Conforme nos diz Julia Kristeva (1994:190-191) “inquietante, o estranho<br />

está em nós: somos divididos. A partir do outro, eu me reconcilio com a minha própria<br />

alteridade-estranheza, que jogo com ela e vivo com ela”.<br />

Para Stedeford (1986:161) “Aqueles que se interessam, de uma maneira muito<br />

particular, pelo cuidado com os pacientes terminais, geralmente possuem ideais<br />

elevados e isso pode ser também origem de muita tensão...” Ele ainda relaciona dois<br />

aspectos: o que esperamos alcançar com e para os nossos pacientes (os objetivos do<br />

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