PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“Não sei se pode evitar, se pode existir sofrimento inútil... [Pensando] Para<br />
tendência religiosa, por exemplo, o sofrimento tem sua utilidade, é renovação.<br />
Para profissionais não se evita sofrimento, mas pode criar condições para que o<br />
sofrimento seja reduzido. Por exemplo, se tivéssemos um preparo, um suporte<br />
emocional, eu não teria sofrido tanto, não tanto. Maior exemplo que dou, quando,<br />
no início de minha experiência, paciente de Aids tinha o hábito de acabar com a<br />
vida se jogando pela janela. Não tínhamos nem preparo, nem suporte. Há 12 anos<br />
teve uma caso de um paciente que pulou pela janela, e ficou preso numa parte<br />
dela, nisso ele se arrependeu, e disse: eu não quero mais morrer, não me deixa<br />
morrer, a enfermeira segurou ele pela mão, ele, como tinha o corpo forte, ela não<br />
conseguiu, ele morreu. Essa enfermeira não conseguiu mais trabalhar com<br />
paciente, não teve suporte depois. Trabalha com material. No dia seguinte foi<br />
chegando pessoas, repórter, questionando que horas foi, como chegou, ninguém<br />
perguntou se ela precisava de alguma coisa. No dia, ficou no plantão até o final<br />
do expediente. No dia seguinte, precisava vir para assinar a ocorrência. Outros<br />
suicídios aconteceram depois, em outros andares. Não conversamos sobre isso, a<br />
equipe de psicologia dá um suporte, mas não é para isso. Não existe preocupação<br />
interna sobre isso. Não é evitado, é amenizado. Eu acho que não pode<br />
evitado”.<br />
“Para com os pacientes, no dia a dia, eu vejo situações que poderiam ser<br />
evitadas. Pessoas não se policiam para não serem tão frias, técnicas, tem<br />
paciente que está no leito, e chegam seis pessoas e começam a falar coisas<br />
técnicas e ele não entende nada. Ás vezes, com isso, os pacientes pensam que<br />
tem coisas mais graves, mais sérias. A hora do diagnóstico, paciente tinha que<br />
ser melhor preparado para dar o diagnóstico, começando discutir a possibilidades<br />
do exame dar positivo. O paciente não é orientado quando vai fazer exames e<br />
cirurgias, deveriam explicar como é, e o que é. O paciente sofre pra caramba.<br />
Teve um paciente que, quando fui buscá-lo para o exame de tomografia, cheguei<br />
em seu quarto e falei: vamos, tá na hora exame. O paciente começou a chorar. E<br />
falou: será que eu volto? Perguntei-o: o senhor não sabe o que é?Ele pensou<br />
que iam cortá-lo, que iam ver ele por dentro. Outra situação parecida com esta<br />
aconteceu quando fui dar uma palestra tema livre sobre saúde mulher num grupo<br />
de uma comunidade, escolhi falar sobre osteosporose. No final da palestra uma<br />
52