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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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luz acesa no corredor durante todo o dia e a noite o incomoda de descansar. Enfim, são<br />

medidas que amenizam esse período de internação para o Paciente.<br />

Procedida a internação, a atenção do paciente se volta para a sua doença:<br />

natureza, gravidade, tratamento e duração. A resposta só o médico lhe poderá dar, e,<br />

por isso, sua visita é aguardada com ansiedade. O Paciente imagina, prevê as<br />

perguntas que o médico fará, treina as respostas, comenta as impressões, etc. Para<br />

ele, o médico é o personagem mais importante na vida do doente, e sua visita é o ponto<br />

culminante do dia e a personificação da missão do hospital. Muitas vezes o Paciente<br />

não sai do quarto até o médico fazer a visita. Já que foi o médico colocou ali, só ele o<br />

tira. O que é dito pelo médico tem força de magia e ele é visto numa dimensão sobre-<br />

humana pela pessoa enferma. Kaës (1991: 04) cita “ as instituições se dessacralizam e<br />

se sacralizam continuamente”. A Auxiliar de Enfermagem exemplifica: “o médico<br />

suspendeu o soro que vinha medicação junto, que passou via oral. Uma vez ao dia<br />

tinha que dar uma medicação injetável, só que o médico não falou que tinha essa<br />

medicação injetável. Quando foi para fazer medicação, o paciente falou que não tinha,<br />

aos gritos, vai lá ver! Respondi que não ia, porque tinha certeza, porque verifico tudo<br />

com cuidado antes. Essa medicação tem correr, ao menos que recuse, e foi<br />

tranqüilizando. No dia seguinte, ele deve ter conversado com o médico”.<br />

As menores informações amenizam idealizações feitas nessas relações tanto no<br />

Profissional com seu forte sentimento de poder quanto o Paciente em sua submissão.<br />

Maria do Carmo Prado (1991:84) cita Pinkus e Dare que afirmam que segredos e mitos<br />

se fundamentam sempre no poder e na dependência, no amor e no ódio, no desejo de<br />

tomar conta e no desejo de ferir, emoções que estão inevitavelmente ligadas ao sexo,<br />

nascimento e morte.<br />

Ao mesmo tempo que o paciente abdica de sua independência, e fica<br />

infantilizado pelo próprio tratamento da internação, ele desenvolve também sua<br />

sensibilidade, levando-o a interpretações sutis das palavras, olhares e gestos do<br />

médico e toda a equipe de saúde. Relata o Médico João: “pessoa ali superligada em<br />

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