13.05.2013 Views

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ansiosamente sua oficial saída. A retirada do uniforme é algo bastante significativo, pois<br />

sinaliza para todos, com sua roupa de “civil”, que está de saída, está livre. O Médico<br />

João concorda quando coloca que o melhor momento da internação é o da alta e<br />

acrescenta: “quando você diz para o paciente, ele fica feliz, até porque ele já está<br />

melhor, via de regra, aliviado do sintoma”.<br />

A Paciente Maria fala que o melhor momento é o da alta. E o pior é quando<br />

depende, quando não está podendo fazer nada. A alta representa a saída daquela<br />

situação, da anomia, o resgate da sua autonomia, o afastamento da degradação, e a<br />

mudança para um outro lugar talvez mais desejado – ‘vivo-vivo’ e não mais um ‘morto-<br />

vivo’. O pior é depender, é lidar com os limites do corpo, é sentir-se paralisado, é ser<br />

nomeado um ‘morto-vivo’.<br />

Os espaços no Hospital são marcados por suas ações e mapeados pelos<br />

desejos dos sujeitos que ocupam a instituição, seus beneficiários e integrantes. Por<br />

exemplo, para a Paciente Ana, o CTI é um lugar que quem vai pra lá não volta. Outro<br />

exemplo da delimitação dos espaços é percebido quando um certo paciente diz que vai<br />

mudar de quarto porque está melhor e chegou um paciente pior que ele e vai precisar<br />

ficar ali. Esse quarto onde estava tinha banheiro e ficava no final do corredor, e é<br />

geralmente ocupado por pacientes que estão, em quadros clínicos mais graves e em<br />

isolamento de contato ou respiratório. Num determinado hospital, há varanda em volta<br />

de toda a área de internação, esse espaço permite que os pacientes tomem banho de<br />

sol, caminhem, vejam outras pessoas, recebam visitas fora do horário estabelecido nas<br />

rotinas, enfim, esse espaço, se pudermos designa-lo ‘trans-hospitalar’, foi chamado por<br />

alguns pacientes internados de ‘rua’. Ouvia-se de Paciente na área de internação<br />

“vamos lá pra ‘rua’, colega”. A varanda foi por eles demarcada como um lugar livre, de<br />

quebras de instituídos. A instituição funciona a partir dessa sobredeterminação,<br />

plurifuncionalidade, diversidade de cenas psíquicas. Kaës (1999:13) expõe que a “a<br />

instituição é um polítopo, uma multiplicação de espaços heterogêneos mantidos juntos<br />

de maneira muitas vezes inextricável”.<br />

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!