PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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de si e às vezes fora... A separação provoca uma mutilação, um pedaço do Ego que se<br />
vai, e com isso ocorre um abalo na identidade, uma nova tem que se formar, agora sem<br />
o outro”. O Médico João comenta: “eu sou chorão. Só no anúncio do gelol, não basta<br />
ser pai. Morte de paciente, pacientes queridos. Teve uma situação interessante três<br />
semanas diretas com pacientes gravíssimos, seis pacientes, toda hora morria um, não<br />
chorei uma vez, encarava como uma pedra... [Num determinado dia] chorei uns 40<br />
minutos direto”.<br />
Kovács (1996:23) assinala que “a primeira experiência de separação é vivida<br />
quando a criança estabelece o vínculo com a figura de maternagem, normalmente a<br />
mãe. Esta é a primeira experiência de separação, cujo engrama permanece fortemente<br />
marcado pelas vivências de abandono, ou aniquilamento. Mesmo que não haja registro<br />
na consciência desta experiência ela será acessada sempre que novas perdas forem<br />
vividas”. O Paciente José coloca momentos difíceis vividos na internação que falam de<br />
separação e abandono: “foi horrível ficar sozinho, não tive visitas... [Chorou] Só na<br />
primeira internação, por não ter visita, me senti abandonado, sozinho. ...[Momentos]<br />
Difíceis... [Pensando] a morte. Porque a gente sofre de insônia e o paciente está<br />
passando mal, e não consegue dormir e não vê a noite passar, enfermeiros não podem<br />
atender a gente melhor...” Principalmente à noite o hospital é horrível”. No Hospital, os<br />
sentimentos de abandono, solidão e exclusão são vividos intensamente pelo Paciente.<br />
A noite é o momento em que os Pacientes vivem um sentimento de total desamparo. A<br />
falta de acolhimento é ainda mais sentida e, assim, mais solicitada. A presença de<br />
pessoas que já possuem laços com o Paciente amenizaria o desamparo intensamente<br />
nesse momento e em outros.<br />
O sentimento de desamparo fica presente no Paciente internado todo tempo,<br />
tanto na relação com os Profissionais de Saúde quanto na familiar. A Auxiliar de<br />
Enfermagem Vera afirma: “teve um paciente que entornou urina na cama, e falou<br />
‘justamente agora na hora da visita’. Troquei tudo, deu tempo antes da visita subir.<br />
Ficou com medo de brigar com ele a enfermagem, e a família também brigar com ele.<br />
Troquei tudo, e falei que nem precisa nem dizer”. O medo de reviver o abandono e<br />
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