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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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Na sociedade, encontramos as instituições com suas marcas registradas. A Mãe<br />

Glória fala de sua experiência:“o hospital é uma coisa horrorosa, ruim de tudo. Só em<br />

falar em hospital sente-se deprimida. Eu estou com ele [o filho] e meu neto no hospital.<br />

Deixa todo mundo abalado nos nervos”. A Esposa Cátia também expõe: “difícil de falar<br />

[para as crianças] que o pai está internado. Falo que ele está descansando. A mãe dele<br />

é senhora de idade e pode levar um susto. É duro ele estar bem e, de repente, fica<br />

internado. Ela pode pensar se ele está internado é porque está mal”. As situações são<br />

instituídas, deixando suas marcas nas pessoas e nas instituições.<br />

Segundo Erving Goffman (1988:12), “deixamos de considerá-lo [o estranho]<br />

criatura comum e total, reduzindo-o a uma pessoa estragada e diminuída. Tal<br />

característica é um estigma, especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito<br />

grande - algumas vezes ele também é considerado um defeito, uma fraqueza, uma<br />

desvantagem - e constitui uma discrepância específica entre a identidade social virtual e<br />

a identidade social real”. A Esposa Cátia conta: “hoje ele [o marido] mesmo falou “estou<br />

me sentindo péssimo com esse pé. Meu pé está cheirando mal. Eu não vou conseguir<br />

nem almoçar assim. A enfermeira falou pra ele que ele estava se sentindo podre, mas<br />

que ele não estava podre. Foi aí que ele se sentiu mais aliviado. É simplesmente um<br />

machucado, que não só ele estava passando por isso”. O estigmatizado tem a<br />

sensação de não saber aquilo que os outros estão “realmente” pensando dele. Em<br />

muitos momentos o Paciente precisa que o outro confirme ou não a imagem que ele faz<br />

de si mesmo. E isso é necessário nessa situação que o regride, o infantiliza como<br />

também o faz crescer.<br />

Novamente a questão do estigma fica presente quando a Paciente Maria coloca<br />

que “tenho amigos, mas só a família que sabe que tenho o vírus”. Percebemos que a<br />

pessoa prossegue sua vida com esta marca, algo que tem receio que o outro saiba e a<br />

discrimine, bem como a dificuldade dela mesma se aceitar. Ela sente-se insegura em<br />

relação à maneira como as outras pessoas a identificarão e a receberão. Para Kovács<br />

(1996:18), “...os amigos podem se afastar, porque não sabem o que falar ou fazer,<br />

como conviver. Instala-se o ‘contágio psicológico’, a ‘quarentena’, pois se teme que a<br />

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