PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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“Geralmente colho a história, examino, colhe-se sangue na admissão uma<br />
vez ou mais. Eles perguntam: Será que o senhor acha que o que tenho é uma<br />
doença grave? Quando suspeito pelo HIV, peço autorização, tento amenizar<br />
muitas vezes. Digo que são exames de rotina. Pedir não quer dizer que o senhor<br />
ou a senhora tenha isso, apesar de eu ter certeza. História do gato que subiu no<br />
telhado. Gato tinha morrido. Tem que ouvir as coisas aos poucos. Preparado,<br />
explica, autoriza...”<br />
“Sistema de vida como um todo. Já passei por muitos casos cedo na<br />
minha vida. Meus pais já morreram. Minha mãe morreu quando tinha 9 anos, ela<br />
escorregou e bateu com a cabeça, traumatismo craniano. Minha irmã estava<br />
terminando o internato. Fiquei morando na casa da tia enquanto ela estava<br />
internada. A minha tia esqueceu e me pediu para perguntar algo a sua irmã e<br />
fiquei sabendo que ela havia morrido. Ficaram me cozinhando e fiquei com meu<br />
primo, todo mundo saindo. Pensei que o enterro fosse no dia seguinte. Falei que<br />
eu queria ir. Quando eu quero uma coisa. Fiquei revoltado, quando cheguei já<br />
estavam jogando flores. Senti meio enganado. Falaram para o meu primo como é<br />
que ele me trouxe no enterro. Foi subestimada a questão da morte. Tenho essa<br />
questão da espiritualidade dentro de mim”.<br />
“Eu pedi para fazer a primeira comunhão mais cedo, 7 anos. Muito apego<br />
às coisas religiosas até hoje tenho. Meu pai faleceu. Ele internou aqui, operou, foi<br />
pro CTI e faleceu. Faço muito trabalho paroquial, orfanato, idoso, clínica de aborto<br />
ajudava com chá de bebê”.<br />
“O meu caso é soropositivo, ele tem dificuldade de se tratar, sabe que<br />
isso me incomoda. Está fora do país, trabalha com fantasias de carnaval para<br />
shows fora do Brasil. Lá, como estrangeiro, não domina a língua, longe da família,<br />
dos amigos, fica mais sensível, se protege pela distância, fragilizado”.<br />
“Na formação médica, temos cadeira obrigatória. Algumas focadas nesse<br />
assunto. Mas é muito pouco tempo, e é num período que ainda não está se<br />
rodando nas enfermarias. Acho que deveria aproximar mais dos períodos da<br />
enfermaria, sugeri isto na época. Eles faziam dividindo os médicos em grupos,<br />
eu fiquei com crianças. Entrevista era um pouco parecida com a sua. Essa<br />
experiência foi legal, fiquei com grupo de crianças, e quase levei uma<br />
garotinha ceguinha para morar comigo. Algumas pessoas não tem muita noção.<br />
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