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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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tinham o vírus, mas eram bem diferentes. Sangue de Betinho, que lutou, cuidou, brigou<br />

por alguma coisa, acho que ele rendeu mais, o dobro da idade do Cazuza. Ricos, os<br />

dois tinham dinheiro... Terceira opção: sujeito “o”. Aquele que fica parado, inerte, deixa<br />

o tempo passar... Toma remédio, mas não fica muito em cima disso, deixa levar, se a<br />

carga viral tá assim, isso já deixa pro médico.. O grupo “o” é aquele que não quer sair<br />

do zero, quer ficar parado, esperando sair a cura. Não estou estudando, trabalhando,<br />

estou em casa de freiras. Há 5 anos não tenho parceiro, porque a casa não permite e<br />

porque também não quero. Vejo muita gente que usa drogas fazendo coisas que é<br />

anti- “o”, ou, às vezes, nem usa, mas bota a religião no meio, diz que tá curado que o<br />

pastor curou e fica por isso mesmo. Agora penso em fazer tudo. Parece o pulo do gato”.<br />

A Paciente Ana em sua fala faz comparações entre Cazuza e Betinho, entretanto<br />

ela se identifica com um terceiro personagem por ela criado, o grupo “o”, que é neutro e<br />

aguarda a cura, e fala também do “anti-o”, aqueles que usam drogas, que não se tratam<br />

e abandonam a luta.<br />

A Assistente Social Ângela fala que na instituição hospitalar a preocupação de<br />

transmitir a informação ao paciente aparece somente em determinadas situações:<br />

“Preocupação com AIDS - autorização para medicação, aí é feito mais<br />

esclarecimentos, outras pesquisas são objetos”.<br />

A equipe compartilha da tristeza com relação ao modo pelo qual a pessoa<br />

conduziu a vida e o tipo de doença; mas sua responsabilidade é apenas com a<br />

qualidade do tratamento. Sob tensão, as fronteiras ficam indistintas e há sempre uma<br />

tendência a perder de vista onde termina a nossa responsabilidade e começa a dos<br />

outros. Suportar mais do que nos cabe representa uma atitude de onipotência, um<br />

passo para desempenhar o papel de Deus. Stedeford (1986:161) “...Há uma tendência<br />

a considerar o alívio completo do sofrimento como um objetivo real, onde qualquer<br />

desvio é considerado uma falha.”<br />

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