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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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gordura, pra eu emagrecer”. A Enfermeira Luisa também vivenciou situação<br />

semelhante fora do Hospital, quando foi dar uma Palestra numa comunidade sobre<br />

osteosporose: “no final, uma pessoa disse ‘deixa eu te abraçar, não sabe o peso que<br />

tirou da minha consciência. Noites choro desde quando o médico falou que tinha<br />

osteosporose´. Pensou que era câncer, ela não perguntou, ficou com vergonha poderia<br />

ter achado que era ignorante. [Continua a pessoa] ‘Que alívio pensei que era câncer’.<br />

Isso [tal situação] acontece dentro do hospital, até porque quem tá dentro são pessoas<br />

lá de fora”. O esclarecimento nomeia as dúvidas e o imaginário, para Freud, citado por<br />

Laplanche ( 1970 ), é “a relação fundamentalmente narcísica do indivíduo com o seu<br />

ego”.<br />

Percebemos isso também, quando a Paciente Maria fala: “avisam antes sempre<br />

a gente”. Avisar antes, o falar, ocupa o lugar do silêncio, nomeia, poupa o corpo de<br />

intensificar o processo de adoecer, não precisando adoecer tanto. Falar, avisar<br />

simboliza, cria representações para esse imaginário. Percebemos a importância e as<br />

repercussões do que é, e do que não é, passado para o Paciente e sua Família, e até<br />

entre a própria Equipe de Saúde. Para que o corpo não fique no lugar do silêncio como<br />

favorecer falas para esse imaginário? A Auxiliar de Enfermagem Vera comenta: “...eles<br />

perguntam e querem saber. Perguntam e como ! ... Até perguntam coisas que<br />

deveriam perguntar aos médicos, e quer perguntar pra você... Sobre medicação, a<br />

gente nem sabe, são tantas medicações... Passar informação direitinho tanto para a<br />

equipe quanto para os pacientes não dá confusão”. A transmissão da informação é<br />

necessária para amenizar angústias tanto no Paciente e sua Família, e entre os<br />

Profissionais de Saúde.<br />

Comenta o Paciente José, na entrevista: “foi lá [Hospital X.] que descobri que tive<br />

o vírus. Onde tudo é descartável, descobri a vida dos descartáveis. Não souberam me<br />

contar. Não queria comer. Achava que era só comigo”. Fala de sua forte identificação<br />

com o mundo dos descartáveis, achando-se sendo um desses, como a morte em vida.<br />

Erving Goffman (1988:11) assevera: “os gregos, que tinham bastante conhecimento de<br />

recursos visuais, criaram o termo estigma para se referirem a sinais corporais com os<br />

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