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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status<br />

moral de quem os apresentava. Os sinais eram feitos com cortes ou fogo no corpo e<br />

avisavam que o portador era um escravo, um criminoso ou traidor - uma pessoa<br />

marcada, ritualmente poluída, que devia ser evitada; especialmente em lugares<br />

públicos”. O Paciente José fala de sua estigmatização social quando diz:: “quero<br />

renovar a minha vida. Essa amiga, meu pai e minha mãe, e os clientes novos, que não<br />

sabiam da minha vida de convívio, amizade, não sabiam do meu passado”. Assim<br />

percebemos a dificuldade de falar da morte, e das coisas que matam a gente em vida.<br />

Goffman (1988:38) continua “...o indivíduo que se relaciona com um indivíduo<br />

estigmatizado através da estrutura social – uma relação que leva a sociedade mais<br />

ampla, a considerar ambos, como uma só pessoa”. O Médico João relata as marcas<br />

que vivenciou profissionalmente por trabalhar com pacientes de Aids: “naquela época<br />

pessoal que trabalhava, médico nem tanto, mas enfermeiro, quando entrava no<br />

elevador (1987/1988) tinha um pessoal que saía do elevador... O cara do eletro<br />

chegava e falava, o senhor faz e limpa tudo que eu estou esperando. Discriminando.<br />

Ascensoristas falavam, faziam comentários, 5 O andar, andar da AIDS, dos gays...” As<br />

marcas deixam seus espaços demarcados nas instituições. Continua o mesmo Médico:<br />

“tenho visão de hospital não como um lugar de morte, de fim de linha. Tinha uma visão<br />

da minha profissão, lugar onde recupera gente. Em São Paulo, fazia DIP (Doenças<br />

Infecciosas e Parasitárias) morava no hospital, no 9 O andar, na residência. Via as<br />

pessoas que atravessavam a rua para não passar em frente do hospital, era freqüente.<br />

E um pouco mais pra frente era cemitério e atravessavam para o outro lado também”. A<br />

Auxiliar de Enfermagem Vera também fala de sua trajetória profissional pela enfermaria<br />

de Aids (DIP): “como eu estava afastada tanto tempo sem ver nada, não escolhi, tinha<br />

vaga pra DIP e fiquei... Conversei lá fora, muitas colegas falavam você é maluca”.<br />

Goffman (1988:38) afirma que: “todos estão obrigados a compartilhar um pouco o<br />

descrédito do estigmatizado com o qual eles se relacionam... Os problemas enfrentados<br />

por uma pessoa estigmatizada espalham-se em ondas de intensidade decrescente”.<br />

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