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PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

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“...nunca mais vou me esquecer do Carlão e do Carlinhos, do dia que ele morreu,<br />

Carlinhos morrendo, e eu comigo: acho que de hoje não passa... Nunca vou esquecer<br />

o Seu Carlos. Com o caso, com a doença não aprendi nada, mas com o paciente, o<br />

que temos de vivência, comportamento, emoções, nunca vou esquecer . Pode ser que<br />

alguma coisa me lembre essa situação do Seu Carlos. Eu nunca chamei um familiar<br />

para dizer que estava morrendo.Eu me sentia incapaz de lidar com essa situação<br />

direito. Apesar de incômoda, entre isso e uma partida de buraco, claro que optarei pela<br />

partida de buraco. Aprendi com o doente...” Para Bromberg (1996:61), “trabalhar com o<br />

processo da morte seguramente nos reporta à nossa própria morte e às nossas<br />

angústias ligadas a ela”.<br />

Almeida (1991:60) afirma: “...as famílias suficientemente sadias ajudam seus<br />

membros, adultos ou crianças, a superar, cada um por conta própria e também<br />

conjuntamente, as duas dimensões da angústia e do luto fundamentais. Não<br />

certamente a se desembaraçar delas, mas a superá-las, isto é, a trabalhá-las. E pode-<br />

se dizer sem dúvida, por contraste, que as famílias com forte potencial patológico são<br />

aquelas que se esforçam, obstinam-se mesmo, em evitar a todo custo - e bem em vão<br />

- o vivido da angústia e a dor do luto”.<br />

Durante a Pesquisa de Campo, foi feito um contato com o pai de um paciente (o<br />

nome do filho era o mesmo do pai), a distinção era feita chamando o pai pelo<br />

aumentativo e o paciente pelo diminutivo. O filho estava em estado grave, o pai queria<br />

falar, ser ouvido e não ser entrevistado. Fiquei constrangida pela situação.<br />

Imediatamente parei a proposta da entrevista, pois seria um desrespeito ao seu<br />

sofrimento junto ao filho e prossegui ouvindo-o. Maud Mannoni (1995:93-94) afirma que<br />

“a perda de um filho é uma provação de que o adulto não recupera jamais... Essa<br />

“ferida narcísica irreparável” de que fala Freud atinge o ser de maneira tão radical que o<br />

sujeito não tem mais palavras para traduzir o que sente. A morte, levando o filho,<br />

despedaça o pai”. A Paciente Ana conta parte de sua história: “estava nos Estados<br />

Unidos, e não pediram o HIV. Filha nasceu, cresceu e morreu lá... Perdi meu apoio<br />

moral, a máquina..”<br />

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