PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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Não estou estudando, trabalhando, estou em casa de freiras - religião. Há<br />
cinco anos não tenho parceiro, porque a casa não permite e porque também não<br />
quero. Isso é o que o ‘o’ faz, toma remédio, mas não fica muito em cima disso,<br />
deixa levar, se a carga viral tá assim, isso já deixa pro médico. Vejo muita gente<br />
que usa drogas fazendo coisas que é anti - ‘o’, ou às vezes nem usa, mas bota a<br />
religião no meio, diz que tá curado que o pastor curou e fica por isso mesmo. O<br />
grupo ‘o’ é aquele que não quer sair do zero, quer ficar parado, esperando sair a<br />
cura... Agora penso em fazer tudo. Parece o pulo do gato”.<br />
[No leito, o enfermeiro tenta para passar a medicação via venal em Ana]<br />
“Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Prefiro levar a vida na<br />
maior calmaria. Sem procurar muita agitação. Procuro viver, não bebo mais, mas<br />
não deixo de fumar, porque é o único prazer que tenho, é o que me bota diferente<br />
da freira”.<br />
“Ai! Ai! Ai!” [Queixa-se quando outra enfermeira tenta furá-la].<br />
“Tipo ‘o’ é muito frouxo”.<br />
“O que faz a freira? Fé, obediência, castidade, hierarquia, solidariedade, as<br />
cinco demandas da freira. Na casa das freiras usaram como robozinho. Se não<br />
fosse o cigarro, preencher o vazio...”<br />
“Eu queria voltar para casa dos meus pais, é problemático com idade<br />
avançada. Estou num lugar que não é o meu lugar. É um lugar para pessoas que<br />
não tem nada. E eu tenho pensão. Sou filha, tenho um irmão. Mãe tem medo de<br />
contrariar meu pai, meu irmão por sua vez também, e meu pai nem se fala. Acho<br />
que é a mãe que pulsiona tudo. Contei à distância, por telefone. Falei para o meu<br />
irmão e ele contou para minha mãe”.<br />
“Só me meti com gente errada”.<br />
“Aqui não almoço, nem janto. A comida tem um cheiro horrível”.<br />
[Perguntou que horas a moça da limpeza ia descer , que ela queria que<br />
trouxesse algo para ela - como se fosse rotina - pegou o dinheiro e deu para ela].<br />
“A medicação é cara, internada toma na veia. Estão tentando ver<br />
medicação oral para eu ir pra casa. Não estou vendo a luz no fim do túnel porque<br />
não estou sabendo quando vou embora”.<br />
“Sobre a internação preferia dois diazepam à noite. Toda noite é zona.<br />
Barulho, gritaria”.<br />
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