PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
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Mário<br />
Companheiro de um paciente internado em isolamento de contato,<br />
[A entrevista fora realizada num banco a parte (canto) da enfermaria de<br />
pouco acesso].<br />
“A internação é uma situação que não gostaria que ele nunca passasse. Ele<br />
é uma pessoa muito boa. Já estive internado com esse mesmo problema,<br />
tuberculose, e ele também esteve sempre comigo. Irmã mesmo minha veio duas<br />
vezes quando fiquei internado, quem estava constantemente comigo era ele. Vê<br />
uma pessoa que gosta se acabando é muito triste. Deve ter gente pior que ele.<br />
Vejo ponto positivo, não está no soro, as pintinhas de alergia dos mosquitos estão<br />
sumindo, que ele consegue ainda se movimentar, está falando, está lúcido,<br />
funçÕes mentais normais, pior quando não reconhece ninguém é mais triste para<br />
mim”.<br />
“Para mim, seria pior se ele estivesse em casa e eu não poderia fazer nada.<br />
Estando aqui consigo dormir melhor, mais tranqüilo, se acontece o pior eu fiz<br />
alguma coisa por ele. Em casa não tem recurso que tem no hospital”.<br />
“O que mudou? A casa está triste, está vazia, tenho evitado ficar em casa.<br />
Não posso entrar em depressão porque tem que tá bem para ele ficar bem. Ele<br />
piora mais ainda, se eu não estiver bem, com certeza. Ele conta muito comigo, e<br />
eu com ele. Nossa relação já passou de casal, tem um elo tão forte entre nós dois,<br />
mesmo que separássemos, eu nunca ia deixar de falar, de me preocupar com ele.<br />
A doença nos uniu mais, quando descobri que era soropositivo não estava com<br />
ele, passei mal no trabalho, febre sem explicação, a médica do trabalho pediu o<br />
exame e deu positivo. Sou consciente da minha situação, não boto culpa em<br />
ninguém. Marquei o segundo exame no Gafré, já tinha conhecido ele nessa<br />
época, e eu pedi e ele foi comigo pegar o resultado. Deu positivo novamente, ele<br />
conversou comigo, pediu que tivesse calma, fiquei triste, fomos para Floresta da<br />
Tijuca, que era perto dali, ficamos conversando. E falou que era portador há 7<br />
anos, fiquei espantado. Comecei a procurar como me cuidar. No Gafré a<br />
assistente social explicou que lá não havia tratamento, e me encaminho para cá,<br />
ele já se tratava aqui. Ele tinha abandonado o tratamento, pois o ex- companheiro<br />
tinha morrido aqui e ele entrou em depressão, e tinhas as greves. Convenci ele a<br />
voltar para o tratamento”.<br />
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