PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A internação faz que cada sujeito tenha seu tempo e espaço modificados.<br />
Entretanto tal cisão que pode provocar em alguns depressão, em outros dispara a<br />
capacidade de criar, e de modificar o espaço hospitalar na busca de outros caminhos<br />
para lidar com a inevitável. Para Winnicott (1996:31), “em certas pessoas e em<br />
determinadas épocas, as atividades que indicam que uma pessoa está viva não<br />
passam de reações a estímulos. Retire os estímulos e o indivíduo não tem vida”.<br />
Percebemos que isto ocorre em casos que, em seguida à internação, acompanha um<br />
estado depressivo. Por outro lado, identificamos a inventividade do sujeito, quando,<br />
mesmo internado, ele “pinta e borda”, toca violão, ouve seu rádio (walkman), participa<br />
de jogos como baralho, dama, dominó e outros. É inegável que esses espaços de<br />
singularidades contribuem para a saúde.<br />
O Médico Pedro coloca em relação ao que poderia ser melhorado no Hospital:<br />
[Suspira] “ o que poderia ser feito [Pensando]... Responder na bucha é complicado. Isso<br />
é tão individual”. Winnicott (1996:31) coloca: “a criatividade é o fazer que, gerado a<br />
partir do ser, indica que aquele que está vivo. Pode ser que o impulso esteja em<br />
repouso; mas, quando a palavra “fazer” pode ser usada com propriedade, já existe<br />
criatividade”. O Paciente Paulo relata sobre a comida do Hospital: “nada tem gosto de<br />
nada”. Tematiza que o Hospital deve ser também um espaço de criatividade,<br />
principalmente um lugar de sofrimento do sujeito. Valadares (2000: 84) considera que “a<br />
invenção de novos espaços-tempo dependerá mais da con-sideração das contradições<br />
do que das linhas de fuga”.<br />
Percebemos que a cada nova situação que o sujeito se depara, ele cria outras<br />
alternativas através do ‘fazer’. O Companheiro Mário relata: “vim pro Rio me libertar de<br />
muitas coisas. Opção que eu gostava de ser, me sentia bem. Se tivesse ficado lá, teria<br />
casado e teria vida dupla, não seria feliz. Aprendi a ser gente, a me defender, corre-<br />
corre, me sinto produtivo, ser gente”. O Paciente Paulo comenta: “sou feliz e faz<br />
necessário para eu ser feliz. Preciso ir embora para agir minha vida”.<br />
71