13.05.2013 Views

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL, - Teses FIOCRUZ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3 – ESTIGMATIZAÇÃO: UM PEDAÇO DE MIM MORRE<br />

Toda doença é uma marca deixada no nome, no corpo, na vida, na morte. O<br />

diagnóstico nomeia um mal e faz do paciente um ‘morto vivo’, que o matou<br />

provisoriamente com o estigma da doença, deixando seus vestígios, além de definir o<br />

risco que corre a sua vida. “As doenças e suas seqüelas podem trazer profundas<br />

modificações na vida das pessoas, experenciadas como mortes”, segundo Maria Júlia<br />

Kovács (1996:19). Durante a entrevista com a Mãe Glória, o filho faz o seguinte<br />

comentário: “quando se descobre que está doente, perde-se cinqüenta por cento da<br />

vida”.<br />

Em “Un diván para Antígona, Agustín Aparício, Nestor Braunstein Y Frida Saal<br />

(1991:188) afirmam “Freud escreve: a idéia de serem enterrados vivos em estado de<br />

catalepsia... se apóia na fantasia de viver no ventre materno”. Também para o Médico<br />

Pedro, “maior baque mesmo é no diagnóstico. Alguns sentem perdidos pelos<br />

sintomas. Outros vêm arrasados porque acham que não vão sair dessa”. Conforme<br />

Maria Júlia Kovács (1996:17), “o fato de estas [o câncer, a aids e os problemas<br />

cardíacos] doenças carregarem um fardo tão pesado... psicologicamente carregam a<br />

ferida, as marcas, as memórias da doença. Qualquer dor, verruga ou mancha<br />

representam o fantasma da recidiva”.<br />

Para a Assistente Social Ângela o pior momento da internação é “quando o<br />

doente descobre o diagnóstico, e o médico não dá a mesma atenção quando não tem<br />

mais jeito. Quando a doença cronifica, o médico vira para o paciente e diz que o senhor<br />

não pode mais tratar aqui... Dá o diagnóstico, trata, cura e vai embora, ou dá o<br />

diagnóstico, trata e não cura e vai embora”. O Paciente sente-se ‘morto-vivo’, ao ser-lhe<br />

dado o nome da doença, como se ele fosse, a partir daquele momento, aquele nome, e<br />

não mais ele. E esse sentimento se intensifica com o completo abandono por aquele a<br />

quem o papel caberia cuidar dele. O amparo se faz essencial em tais situações para a<br />

própria sobrevivência desse sujeito.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!