Tomo II - EDP

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Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico (AH) do Alvito Relatório Síntese Identificação e Avaliação de Impactes Medições hidrológicas e sedimentológicas na bacia em estudo Após consulta do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), confirmouse quer a ausência de estações sedimentológicas na bacia hidrográfica do rio Ocreza, quer a insuficiente existência de medições em bacias vizinhas, já referidas no Plano de Bacia Hidrográfica do rio Tejo (INAG, 1999). Por outro lado, no referido documento faz-se referência a medições de volumes de sedimentos depositados em três albufeiras da bacia do Tejo, realizadas na década de 60 do século XX pelo LNEC e pela DGSH (EDPP, 2009). No quadro seguinte resumem-se os dados apresentados neste documento. Quadro 15 – Dados de sedimentação e erosão na bacia do Tejo (Fonte: INAG, 1999 in EDP (2009)) Barragem Rio Área da bacia (km 2 ) Período de depósito (anos) Volume depositado (m 3 ) Taxa de deposição anual (m 3 /ano/km 2 ) Taxa teórica de erosão anual (m 3 /ano/km 2 ) Santa Luzia Zêzere 50 16 250 000 310 520 Idanha Pônsul 359 17 2 500 000 404 166 Montargil Sor 1186 2 50 000 21 67 Métodos teóricos-empíricos Erosão hídrica Neste estudo irá ser realizada a estimativa da erosão na bacia hidrográfica do Ocreza recorrendo aos seguintes métodos teóricos-empíricos: a) Método de Fournier; e b) Equação Universal de Perda de Solo. a) Método de Fournier Fazendo a aplicação do método Fournier à bacia hidrográfica dominada pela barragem do Alvito, obtém-se o valor para a erosão da bacia apresentado na tabela seguinte. Na caracterização das precipitações foi considerado o período adoptado no estudo das afluências, isto é, compreendido entre 1966/67 e 2005/06. Quadro 16 – Cálculo da erosão hídrica, por aplicação do método de Fournier (EDPP, 2009) Área (km 2 ) Altura média (m) Precipitação média anual (mm) Precipitação média mensal do mês mais chuvoso (mm) Erosão (t/(km 2 .ano)) 780 394 928 139 980 b) Equação Universal de Perda de Solos (EUPS) Fazendo a integração para a bacia hidrográfica dominada pela barragem de Pracana, obtevese uma erosão média igual a 944 ton/(km 2 .ano). Na figura 65 verifica-se que a erosão média na bacia da barragem do Alvito deverá ser da mesma ordem de grandeza da de Pracana, tendo-se admitido para aquela bacia o valor arredondado de 1000 ton/(km 2 .ano). Imp – 5007_R2 Página 43
Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico (AH) do Alvito Relatório Síntese Identificação e Avaliação de Impactes Comparando este valor com o obtido a partir da fórmula de Fournier, verifica-se que os mesmos são idênticos. Produção de Sedimentos Tendo em conta os coeficientes de produção de sedimentos (C PS ) estimados nos seguintes trabalhos: “Estudo Sedimentológico e do Assoreamento da Albufeira de Foz-Côa”, [Hidro-4 (1995)], no qual, com base aplicação das equações de Roehl à bacia hidrográfica do rio Côa se obteve um valor máximo para C PS = 6,5%; Estudo apresentado na comunicação intitulada “Aportes de Sedimentos a los Embalses Españoles y su Relación com la Superficie de la Cuenca”, [Avendaño et al. (1996)], no qual, com base na medição do volume de sedimentos depositados em 37 albufeiras espalhadas por grande parte do território espanhol (entre as quais, algumas na bacia do rio Douro e Tejo) e no estudo da erosão das respectivas bacias hidrográficas a partir da aplicação da EUPS, é apresentado um conjunto de curvas que relacionam o coeficiente de produção de sedimentos com a área da bacia hidrográfica. Tomando a curva que representa a situação média, verifica-se que C PS varia entre 4% e 20% para bacias com áreas de 2000 e 100 km 2 , respectivamente. “Estudo do Factor de Enriquecimento na Erosão Hídrica do Solo”, [Dantas (1997)], no qual, a partir dos dados da estação experimental de erosão de Vale Formoso, localizada na região montanhosa do Algarve, foi estimado um C PS =14%. fixou-se, com alguma segurança, um coeficiente de produção de sedimentos constante para toda a bacia do Ocreza igual a 15%. Aplicando este coeficiente ao valor da erosão específica determinado anteriormente, obtém-se uma estimativa da produção de sedimentos na bacia hidrográfica dominada pela barragem do Alvito de 150 t/(km 2 .ano). Admitido um peso específico aparente do material submerso de 1,3 t/m 3 , obtém-se uma produção de sedimentos, em volume, de 115,4 m 3 /(km 2 .ano). Síntese dos resultados obtidos Os dois métodos utilizados para estimar a produção de sedimentos da bacia do Ocreza dominada pela barragem do Alvito conduziram a valores praticamente coincidentes, de 150 t/(km 2 .ano) ou, em volume, 115,4 m 3 /(km 2 .ano). Os dados de medição de assoreamento nas 3 albufeiras da bacia do Tejo, apresentados no Quadro 15, apontam para uma afluência anual de sedimentos muito superior à que conduziria a metodologia aplicada no presente estudo. De facto, se esta fosse aplicada com os mesmos pressupostos agora utilizados, ter-se-ia para a barragem de Santa Luzia uma estimativa de volume de assoreamento correspondente a cerca de um terço do que foi calculado com base nos levantamentos de campo. No caso da barragem de Idanha a estimativa teórica seria cerca de 12 vezes inferior à que, alegadamente, foi medida. Face a esta discrepância e na impossibilidade de confirmar os dados dos referidos levantamentos, fixou-se para a bacia da barragem do Alvito uma produção de sedimentos de 150 ton/(km 2 .ano). Este valor é da ordem de grandeza de outros valores fixados em trabalhos já anteriormente citados. Tendo em conta a produção estimada de sedimentos na albufeira, verifica-se que o volume de sedimentos produzido, para um período de vida útil de 100 anos, é reduzido, correspondendo apenas a cerca de 2% do volume total da albufeira, para ambos os NPA estudados. Imp – 5007_R2 Página 44
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