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IGREJA LUTERANA - Seminário Concórdia

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Igreja Luterana<br />

Conhecemos em parte. Todavia, por mais que a fé seja uma “sabedoria<br />

no pó” (como disse, entre outros, Bengel), ela se distingue claramente<br />

do ceticismo. A fé está disposta a permitir um autêntico relacionamento<br />

entre oração e pensamento, não no sentido superficial, como se a oração<br />

nos dispensasse de pensar, mas como promessa de que o Espírito de Deus<br />

pode nos guiar a toda a verdade, se pedirmos a ajuda do alto.<br />

A pergunta decisiva é: com que se parece tal fides quaerens intellectum<br />

(fé que procura entender) na prática e quem a torna realidade ou efetua?<br />

Esta tarefa de ativar o pensamento a partir da fé não deve de jeito nenhum<br />

se restringir às instituições de ensino teológicas, tampouco limitar-se a<br />

um repensar e expandir do dogma cristão. Por mais que tenha havido<br />

uma liderança dos teólogos neste campo, seria fatal se o pensamento a<br />

partir da fé se detivesse na fronteira da teologia e deixasse a explicação<br />

e formatação dos demais domínios da realidade do mundo entregues a<br />

sistemas estranhos ao cristianismo e até contrários a ele. Muito antes, é<br />

preciso fazer a tentativa de entrar também nos domínios não teológicos<br />

a partir da fé evangélica, em trabalho intelectual responsável.<br />

O teólogo sozinho não está à altura desta empreitada. Falta-lhe, em<br />

primeiro lugar, a formação ampla para tanto. Por outro, corre o risco de<br />

aparecer como alguém que quer impor um sistema teocrático ou clerical<br />

em nome de sua confissão. Isto não encontra eco em outras faculdades.<br />

Essa tarefa só poderá ser realizada por pessoas que são altamente competentes<br />

em suas áreas mas que ao mesmo tempo em sua vida tiveram<br />

um tão forte e poderoso encontro com o evangelho que não podem senão<br />

submeter, não apenas a sua vida, mas também a sua vocação, ao senhorio<br />

de Cristo. O papel do teólogo será o de acompanhar e dar apoio,<br />

procurando ver se aquele é de fato o evangelho, etc.<br />

Com certeza, há uma diferença, na consecução deste alvo, entre ciências<br />

naturais e ciências humanas. A soma dos ângulos do triângulo continua<br />

180 graus e o teorema de Pitágoras não muda só porque o matemático se<br />

tornou cristão. As descobertas da física e da química, os achados da anatomia<br />

e da fisiologia não são afetados pelo fato de um pesquisador ser ateu,<br />

outro cristão. Mas no momento em que deixamos o domínio das ciências<br />

exatas e entramos em áreas que têm a ver com a personalidade, será da<br />

máxima importância se me identifico com o marxismo ou a antroposofia,<br />

o cristianismo católico ou evangélico. Há uma diferença astronômica entre<br />

interpretar a história de modo materialista, determinada pelos dados<br />

da natureza, e entendê-la como “o desafio a decisões responsáveis em<br />

diferentes momentos históricos”. No primeiro caso, o decurso da história<br />

está obrigatoriamente determinado; no segundo, posso e devo agir historicamente<br />

e não preciso cair em desespero fatalista. Há uma grande<br />

diferença entre entender a questão judaica de forma racial e biológica,<br />

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Revista Luterana 2010 gráfica.indd 8 8/4/2010 18:42:07

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