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IGREJA LUTERANA - Seminário Concórdia

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Igreja Luterana<br />

humano para que ele desenvolva seus dons e ministérios. Paulo chama<br />

de káris o dom do apostolado a ele confiado que, ao mesmo tempo, é<br />

missão: Rm 1.5; 12.3. A prática do amor cristão também é chamada de<br />

káris, pois ela é uma dádiva de Deus: 2 Co 8.1; 2 Co 9.8. Os dons especiais<br />

que os cristãos recebem são chamados karismata (dons da graça):<br />

Rm 12.6; 1 Co 7.7.<br />

Outra questão importante é que, para Paulo, por trás de todo o processo<br />

de salvação está sempre a ação e iniciativa de Deus. Nenhuma<br />

outra palavra expressa sua teologia tão claramente sobre a questão da<br />

salvação como “graça”. A graça em Paulo resume o evento de Cristo,<br />

mas também a graça que relizou a irrupção vital na experiência humana<br />

individual, ou seja, aquilo que nos é dado. A graça também expressa a<br />

capacitação divina que continua através das habilitações e missões especiais.<br />

Em resumo, káris está ligada a agape (amor) no centro mesmo do<br />

evangelho de Paulo.<br />

Mas porque Paulo usa este termo? Uma possível explicação está no<br />

contexto veterotestamentário. Havia duas palavras que tratavam da questão<br />

da graça, e essas duas palavras denotavam ato generoso superior a<br />

um inferior: hen – graça, favor. Mais unilateral, podia referir-se apenas<br />

a uma situação específica e ser retirada unilateralmente. Hesed – favor<br />

gracioso, bondade amorosa, amor de aliança. A segunda palavra era mais<br />

relacional. No seu uso secular implicava grau de reciprocidade: quem recebia<br />

um ato de hesed respondia com um ato semelhante de hesed. Mas,<br />

no uso religioso, estava profundamente arraigado o reconhecimento de<br />

que a iniciativa de Deus era compromisso duradouro.<br />

Para Paulo, então, podemos dizer que a palavra káris denota a unilateralidade<br />

de hen e o compromisso duradouro de hesed. Outra forma de<br />

se explicar este termo por Paulo é através do uso do grego em sua época.<br />

Embora seja um termo comum no grego com uma larga faixa de sentidos<br />

(beleza, boa vontade para com, favor, gratidão por prazer em), káris não<br />

tinha conotação particularmente teológica ou religiosa.<br />

No contexto grego, o termo káris trata de benefício, dos benefícios de<br />

deuses ou de indivíduos para cidades ou instituições, káris como favor<br />

feito, e regularmente no plural karites, “favores” concedidos ou retribuídos.<br />

Neste contexto o termo deve ter sido familiar para Paulo e seus<br />

leitores, diariamente visível nas numerosas inscrições que adornavam<br />

qualquer cidade grega, comemorando ou homenageando benfeitores do<br />

passado. Quando os leitores de Paulo liam a palavra káris, geralmente a<br />

linguagem do benefício terá sido o contexto imediato de significado para<br />

a sua compreensão do termo.<br />

Com base nos significados acima, podemos dizer então que káris pode<br />

ser entendida das seguintes formas:<br />

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Revista Luterana 2010 gráfica.indd 88 8/4/2010 18:42:11

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