IGREJA LUTERANA - Seminário Concórdia
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quarto Domingo após Epifania<br />
pensavam os coríntios. Havia orgulho e discriminação quanto ao uso dos<br />
dons. Alguns até mostravam determinadas capacidades, mas não necessariamente<br />
eram respostas ao amor de Deus. Por isso, antes de entrar no<br />
capítulo do amor, como é tão conhecido o capítulo 13 da Primeira Carta<br />
de Paulo aos Coríntios, está a seguinte observação (válida também para<br />
nossa atualidade): “Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais<br />
excelente”. Mais que qualquer dom ou qualidade espiritual, precisamos<br />
do amor, do amor na prática.<br />
Alguns destaques que podem ser úteis:<br />
- Amor: Paulo escolhe a palavra grega ágape. Deixa de lado o termo<br />
eros, que significava um objeto desejável, adorado, especialmente para<br />
o amor entre o homem e a mulher (herdamos algumas palavras como<br />
erotismo, erótico). O termo mais utilizado para a reação de afeto, filia<br />
também é desprezado por Paulo (filosofia, filantropia). Ele prefere ágape,<br />
que é mais que afeição mútua, mas expressa a valorização altruísta no<br />
objeto amado. Ama não para receber algo em troca, mas porque tem<br />
vontade de amar. Assim é o amor de Cristo por nós: imerecido e não tem<br />
exigências de retorno.<br />
Falar em outras línguas dos homens era o máximo para aquele contexto<br />
(ver 1 Coríntios 12). Imaginem então falar a língua dos anjos. “Mas se não<br />
tiver amor” é a expressão que se repete por três vezes, mostrando que<br />
estes dons podem ser importantes quando são respostas do amor de Deus<br />
em Cristo. Outras línguas nada mais seriam que um ruído como de um<br />
sino, de um prato, de uma bateria que toca fora do ritmo. Na Grécia, que<br />
priorizava o conhecimento, que visitava os oráculos para saber o futuro e<br />
desvendar os mistérios da humanidade, saber que isso não é importante<br />
quando falta o amor (características dos fracos e ingênuos), era um golpe<br />
muito forte na cultura e formação dos habitantes de Corinto. Estes também<br />
estavam animados com as palavras de Jesus que prometiam poder<br />
mudar montanhas só com a força da fé e da oração. Agora Paulo diz que,<br />
sem amor, tamanha fé não serve para nada. Inclusive a solidariedade é<br />
questionada. Nem se trata da quantia que é doada, de quem é ajudado ou<br />
inclusive do extremo de entregar o corpo para ser queimado por alguma<br />
causa: se não tiver amor, de nada serve.<br />
Então, o que realmente é o AMOR? Paulo não utiliza seu academicismo<br />
para aprofundar a definição de amor, mas prefere relacionar o amor<br />
adequado com suas características. Na teoria, amar é fácil. Na prática, é<br />
um interessante desafio. Amor que é paciente e não olha no relógio. Que<br />
é bondoso porque sim, independente do que o outro tenha me feito ou vai<br />
deixar de fazer. Amor, que na relação com outras pessoas, mantém uma<br />
característica de humildade total: todos os outros são mais importantes e<br />
necessitam de ajuda. Amor que respeita e não é agressivo nem autoritário.<br />
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