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ilidade, mas sem agressividade. “Não agredimos<br />
a rotina da cidade, ninguém se sentiu<br />
sob intervenção militar policial. Fizemos uma<br />
política de relacionamento. O aparato estava<br />
a postos, mas não agrediu nem constrangeu o<br />
cidadão”, explica ele, que foi também responsável<br />
pela área de segurança nos Jogos.<br />
O novo esquema foi batiza<strong>do</strong> por Corrêa de<br />
“amigável”. No palco <strong>do</strong>s Jogos, foram ensaia<strong>do</strong>s<br />
os primeiros movimentos <strong>do</strong> Programa<br />
Nacional de Segurança Pública com Cidadania<br />
(Pronasci), lança<strong>do</strong> formalmente em<br />
20 de agosto de 2007, dia seguinte ao das<br />
últimas disputas <strong>do</strong> Parapan. Hoje, o Pronasci<br />
investe na combinação de políticas de prevenção<br />
e de contenção da violência, através<br />
de ações sociais.<br />
Na avaliação de José Hilário de Medeiros, coordena<strong>do</strong>r<br />
geral de Ações de Segurança Integrada<br />
<strong>do</strong>s XV Jogos Pan-americanos, o Brasil<br />
“quebrou um paradigma” ao realizar programas<br />
para comunidades carentes. “Fomos à<br />
África <strong>do</strong> Sul apresentar esse modelo. As lideranças<br />
comunitárias trabalharam com a Secretaria<br />
Nacional de Segurança Pública para<br />
trazer sensação de segurança para a cidade.<br />
Primeiro tentamos respeitar o cidadão carioca,<br />
para depois receber bem os estrangeiros”.<br />
O Comitê Olímpico Internacional (COI) exige<br />
das cidades-sede de grandes eventos que o<br />
modelo de segurança a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> inclua lega<strong>do</strong>s<br />
sociais e desenvolvimento da cooperação entre<br />
polícia e população. Segun<strong>do</strong> Corrêa, nenhum<br />
outro país havia executa<strong>do</strong> esse modelo:<br />
“O Brasil foi o único que preencheu toda a lista<br />
de exigências <strong>do</strong> COI”.<br />
A política de segurança cidadã não excluiu,<br />
claro, as técnicas e estratégias tradicionais<br />
de repressão. E, dentro delas, o setor de inteligência<br />
foi prioriza<strong>do</strong>. O governo federal,<br />
através <strong>do</strong> Ministério da Justiça, investiu<br />
R$ 563,137 milhões, destes, R$ 208 milhões<br />
apenas em tecnologia da informação e comunicação<br />
via rádio, que ficaram como lega<strong>do</strong><br />
para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. A Força Nacional<br />
de Segurança foi amplamente utilizada<br />
para aumentar o número de policiais nas ruas<br />
durante os Jogos. Posto em prática, o projeto<br />
da Senasp, executa<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os órgãos<br />
envolvi<strong>do</strong>s, deu certo. E o Brasil pode se orgulhar<br />
da proeza – conter a violência em perío<strong>do</strong>s<br />
de competições esportivas internacionais<br />
não é tarefa simples. Na França, o Rally Paris<br />
Dakar, por exemplo, foi cancela<strong>do</strong> em 2008,<br />
pela primeira vez na história, por motivos de<br />
segurança. Diante de algumas ameaças terroristas,<br />
não haveria como garantir a integridade<br />
<strong>do</strong>s atletas.<br />
No Pan <strong>do</strong> Rio de Janeiro, o resulta<strong>do</strong> ficou<br />
ainda melhor <strong>do</strong> que se esperava, e alguns<br />
fatos comprovam a tese. O mais relevante:<br />
os crimes na região metropolitana da cidade,<br />
<strong>do</strong>na de um <strong>do</strong>s maiores índices de violência<br />
das Américas, caíram drasticamente durante o<br />
perío<strong>do</strong> das competições. Segun<strong>do</strong> o Instituto<br />
de Segurança Pública (ISP), a capital teve queda<br />
em 11 <strong>do</strong>s 16 índices, na comparação com<br />
o mês anterior. O total de roubos caiu 14,3%, e<br />
o registro de maior queda se refere ao roubo<br />
em transporte coletivo: 50,1%.<br />
No Esta<strong>do</strong>, o índice de roubos de veículos caiu<br />
20,9%, e os de pedestres, 11,6%. “Em 33 anos<br />
de polícia nunca vi algo pareci<strong>do</strong>. Passamos<br />
um fim de semana inteiro sem um homicídio.<br />
Foi espetacular”, diz o coronel Samuel Dionizio,<br />
subcomandante da Polícia Militar <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro. O planeja<strong>do</strong>r das ações de segurança,<br />
major Luciano Souza, da Força Nacional,<br />
resume: “Nosso sucesso se deve à priorização<br />
da tranqüilidade na cidade e não apenas<br />
dentro das instalações. Assim deixamos um<br />
lega<strong>do</strong> e justificamos o investimento público”.<br />
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