Volume 2 - Ministério do Esporte

Comunidade integrada
O
rganizar uma grande disputa esportiva
não se limita à construção
de instalações. Várias diretrizes
conduziam as ações governamentais
durante os anos que precederam o
Parapan. Investir na formação de professores
e profissionais de educação física foi uma
das estratégias do Ministério do Esporte para
promover a inclusão social e a quebra de preconceitos
em relação às pessoas com deficiências.
A construção de uma ação de cunho
educacional era, portanto, essencial para estimular
o debate e criar condições para que as
próximas gerações naturalmente convivam e
respeitem as diferenças. Nascia, assim, o projeto
Comunidade Integrada ao Parapan.
Em julho de 2007, foi celebrado o convênio
089/2007, no valor de R$ 1.006.378,15, entre
o CO-Rio e o Ministério do Esporte. O planejamento
e a execução do projeto ficaram sob
a responsabilidade do Instituto para o Desenvolvimento
da Criança e do Adolescente pela
Cultura e o Esporte (Idecace). O projeto incluía
quatro atividades: promoção de seminário
para professores, visita de atletas paraolímpicos
a 30 escolas e comunidades, distribuição
de cartilhas para professores e estudantes e
ida de alunos da rede pública de ensino às
competições do Parapan.
O objetivo era possibilitar a vivência e a aproximação
de professores e alunos com o desporto
paraolímpico. A professora de educação
física Rosana Chalfunde, da escola Embaixador
João Neves da Fontoura, em Rocha Miranda,
zona Norte do Rio, ficou satisfeita com
o novo aprendizado. “Aprender como lidar e
qual a melhor maneira de incluir uma criança
com deficiência na aula é importante. As atividades
exigem adaptações, porque o processo
de aprendizagem deles é diferente”, disse. Conhecer
a trajetória de superação de pessoas
com deficiência e promover o encontro entre
os heróis do esporte e crianças e adolescentes
também é uma forma de combater o preconceito
e lutar por uma sociedade mais justa.
Cerca de 60 atletas paraolímpicos visitaram
dezenas de escolas e organizações não governamentais
do Rio de Janeiro antes da realização
do Parapan.
A iniciativa foi aprovada por moradores e atletas.
A velocista Sheila Finder visitou a ONG
Projeto Celas (Cidadania, Esporte e Lazer Social)
na comunidade de Turiaçu, na zona norte
do Rio, e destacou o papel da escola e dos
professores para aproximar as crianças da
prática esportiva. “Muitas vezes os alunos
com deficiência ficam isolados. Na minha época,
não havia profissionais nas escolas para
atender as nossas demandas e necessidades.
Hoje, percebemos um esforço em se criar
um ambiente escolar mais agradável a essas
crianças. É importante que elas conheçam os
benefícios do esporte e, sobretudo, que reconheçam
ser capazes de praticá-lo”, atesta
Finder. Jacy Fonseca, morador de Turiaçu, pai
de um jovem deficiente de 16 anos, afirma que
as crianças aprenderam bastante com a visita.
“Eles (os atletas) são exemplos. As pessoas
com deficiência não precisam ter medo de sair
às ruas. Somente o convívio vai diminuir o preconceito”,
acredita.
O caminho inverso também foi percorrido:
meninos e meninas foram aos Jogos. Cerca
de 10 mil estudantes lotaram ginásios e está-
Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte
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