Volume 2 - Ministério do Esporte

A Força Nacional de Segurança
O
uso da Força Nacional de Segurança
Pública nos Jogos
também fez parte do projeto
da Senasp de aproveitar os
Jogos Pan-americanos para pôr em prática
todos os aspectos do Sistema Único de Segurança
Pública (SUSP), que traça as diretrizes
de política pública do governo federal para a
área. Fundada em 2004, a Força é um programa
de cooperação federativa. Seu efetivo é integrado
por policiais militares cedidos pelos 26
estados e o Distrito Federal e submetidos a um
programa de padronização de procedimentos
para dar apoio às instituições de segurança de
qualquer unidade da federação quando requisitados.
Das oito atribuições da corporação no
Rio de Janeiro já listadas anteriormente, houve
três principais tarefas, segundo o coronel Luiz
Antônio Ferreira, comandante da Força. Ele
menciona o policiamento interno das instalações
esportivas e não esportivas, a coordenação
das escoltas de autoridades e a operação
para asfixiar o crime organizado no Complexo
do Alemão, na zona norte da cidade.
A tarefa do policiamento interno das instalações
é a que mais se aproxima do foco deste
relatório por ser uma ação diretamente relacionada
aos Jogos. Apesar de problemas pontuais,
principalmente ligados a falhas no credenciamento
feito pelo CO-Rio, a Força Nacional
foi bem-sucedida. Não houve registro de abusos
por parte dos soldados e nem ocorrências
graves dentro das instalações causadas por
falhas nos procedimentos.
A Força Nacional atuou nas instalações com
o conceito inovador de não-letalidade, cuja
aplicação em larga escala no País é outra diretriz
de política pública do governo federal
para a área. Ela utilizou instrumentos como
sprays de pimenta, espingardas com munição
de borracha, armas de ar comprimido, granadas
de efeito moral, gás lacrimogêneo. Uma
das dificuldades deste processo, que exige
a mudança de mentalidade dos policiais, foi
conscientizar os agentes da importância de se
atuar apenas com armamentos não letais. Nos
diversos treinamentos promovidos, eles foram
submetidos aos efeitos das armas e descobriram
que o objetivo de conter a violência pode
ser plenamente atingido com o uso correto
destas ferramentas.
A granada de luz e som, por exemplo, é um
dispositivo de borracha – cuja espoleta sai antes
de ser detonado, para não correr o risco de
ferir ninguém com o impacto – capaz de ensurdecer
e cegar temporariamente pelo barulho e
luz intensa que emite. Agentes também aprenderam
a utilizar as espingardas com munição
de borracha: para que não seja fatal, é preciso
atirar da cintura para baixo e a mais de 20 metros
de distância.
Seis mil policiais da Força foram deslocados
para o Rio. A princípio seriam 10 mil. “Decidimos
investir mais em inteligência, com ações
estruturantes, assim seriam necessários menos
homens”, explica o coordenador de Segurança
dos Jogos, José Hilário de Medeiros. A
tropa de elite também cuidou, com sucesso,
do revezamento da Tocha Pan-americana nas
51 localidades por onde passou.
Policiamento interno
Os soldados da Força utilizaram armas letais
e fardas militares apenas ao redor das instalações.
Nos acessos de público e no interior,
usaram armamento não letal e vestiram uniformes
semelhantes aos de outros participantes
da organização do evento: uma camisa preta
com a logomarca dos Jogos.
Para o ex-secretário nacional de Segurança
Pública e atual diretor da Polícia Federal, Luiz
Fernando Corrêa, uma das maiores dificuldades
foi mudar a mentalidade dos policiais. Mas
ele acredita que o objetivo foi alcançado: “O
primeiro problema para o policial é não operar
com a farda militar. Para eles foi duro. Mas é
um padrão internacional: a roupa diferenciada
que usavam lá dentro e a ausência de arma.
Se um policial não estiver com a arma letal na
cintura, não se entende policial. Ali não era o
caso, com todos aqueles controles. Nós tínhamos
resposta letal em todos eles, só não precisava
estar visível”, explica o ex-secretário.
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