Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A Segurança Cidadã: ousadia que deu certo<br />
E<br />
ntusiasma<strong>do</strong> com o exemplo de<br />
Bogotá, na Colômbia, o Ministério<br />
da Justiça traçou, em 2003,<br />
um plano de políticas basea<strong>do</strong> no<br />
conceito de segurança cidadã para o Brasil.<br />
A capital colombiana implantou uma série<br />
de programas sociais e reduziu, em 13 anos<br />
(de 1993 a 2006), os índices de homicídio de<br />
94 para 17 por cem mil habitantes. Da inspiração<br />
nasceu a idéia de articular segurança<br />
e ações de inclusão social, com foco na prevenção<br />
da criminalidade.<br />
Nove programas, que contaram com o envolvimento<br />
direto de 119 comunidades carentes<br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro, foram implanta<strong>do</strong>s na<br />
cidade-sede por ocasião <strong>do</strong>s XV Jogos Panamericanos,<br />
com recursos <strong>do</strong> Ministério da<br />
Justiça. “Foi um trabalho de segurança pública<br />
envolven<strong>do</strong> as comunidades empobrecidas<br />
<strong>do</strong> entorno das instalações para reduzir a<br />
criminalidade nestes locais e, principalmente,<br />
criar um clima favorável ao Pan entre estas<br />
populações. A intenção não era fazer um tipo<br />
de policiamento de contenção, e sim trazer<br />
as comunidades para participar <strong>do</strong> evento”,<br />
explica a major Claudete Lehmkuhl, coordena<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong>s Projetos Especiais de Segurança<br />
para os Jogos.<br />
Os programas, abriga<strong>do</strong>s no Projeto Medalha<br />
de Ouro – Construin<strong>do</strong> Convivência e Segurança<br />
Cidadã, previam a capacitação de policiais<br />
comunitários, promoção de competições<br />
esportivas para jovens carentes, readequação<br />
de espaços urbanos e melhorias de infra-estrutura<br />
de áreas de vulnerabilidade social, entre<br />
outras atividades. Mas o maior e principal<br />
pilar foi o chama<strong>do</strong> Guias Cívicos. Este e outros<br />
oito projetos só se transformaram em realidade<br />
graças ao convênio firma<strong>do</strong> entre a Senasp<br />
e o Programa das Nações Unidas para o<br />
Desenvolvimento (Pnud), assina<strong>do</strong> em agosto<br />
de 2006 com término em 31 de dezembro de<br />
2007, depois <strong>do</strong>s Jogos. “Não poderia acabar<br />
com o Pan porque se trata de um trabalho<br />
lento e gradual, que deixará um importante<br />
lega<strong>do</strong>. E queremos que continue depois”,<br />
diz a major Claudete. Outras instituições foram<br />
parceiras da Senasp, como o Instituto de<br />
Segurança Pública (ISP), o Serviço de Apoio<br />
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o<br />
Serviço Social da Indústria (Sesi), seguin<strong>do</strong> a<br />
filosofia de gestão descentralizada <strong>do</strong> Pronasci,<br />
que pretende fomentar contratos, acor<strong>do</strong>s,<br />
convênios e consórcios com esta<strong>do</strong>s, municípios,<br />
organizações não governamentais e organismos<br />
internacionais.<br />
A implantação <strong>do</strong>s programas nas 119 comunidades<br />
escolhidas começou em 2006, mas<br />
as discussões, idéias e os planejamentos foram<br />
iniciadas um ano antes. “Temos situação<br />
crítica no Rio. O Pan não teria condições de<br />
resolver os problemas sociais da cidade. Por<br />
isso escolhemos este circuito. E sempre dissemos<br />
para as comunidades que, através <strong>do</strong>s<br />
Jogos, as populações carentes conseguiriam<br />
um avanço na inclusão social. Eles se sentiram<br />
envolvi<strong>do</strong>s na ação pan-americana. Trabalharam<br />
na preparação e durante a competição,<br />
orientan<strong>do</strong> turistas nos espaços de eventos<br />
esportivos e não esportivos, como hotéis e<br />
pontos turísticos. Os guias cívicos estavam em<br />
toda a cidade. Isso é prevenção da violência”,<br />
explica José Hilário, coordena<strong>do</strong>r de Ações de<br />
Segurança Integrada <strong>do</strong> Pan.<br />
A decisão <strong>do</strong> presidente Luiz Inácio Lula da<br />
Silva, em dezembro de 2005, de deixar a cargo<br />
<strong>do</strong> Ministério da Justiça a responsabilidade<br />
pela segurança <strong>do</strong>s Jogos veio depois <strong>do</strong>s primeiros<br />
passos da Senasp para travar contato<br />
com as comunidades carentes da cidade-sede.<br />
Segun<strong>do</strong> Luiz Fernan<strong>do</strong> Corrêa, o diálogo<br />
com as lideranças comunitárias independia da<br />
opção pela Secretaria, já que a implantação da<br />
Segurança Cidadã no Rio se daria de qualquer<br />
forma: “Tínhamos a obrigação institucional de<br />
fazer isso andar, coordenan<strong>do</strong> ou não o Pan,<br />
porque nós tínhamos de implementar a política.<br />
Queríamos utilizar o Pan como facilita<strong>do</strong>r<br />
da política pública”. Em dezembro de 2007,<br />
apresenta<strong>do</strong> pelo presidente <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> Rio 2007, Carlos Arthur Nuzman, o<br />
Programa de Segurança Cidadã para os Jogos<br />
foi elogia<strong>do</strong> na abertura <strong>do</strong> I Fórum Mundial<br />
Paz e <strong>Esporte</strong>, em Mônaco.<br />
272