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Lega<strong>do</strong> de conhecimento<br />
U<br />
ma das maiores difi culdades enfrentadas<br />
pelas equipes que trabalharam<br />
na produção das cerimônias<br />
foi o distanciamento entre<br />
os executores <strong>do</strong> projeto e o CO-Rio. A área<br />
de cerimônia no Comitê estava subordinada<br />
à área funcional de marketing. Esta, por<br />
sua vez, tinha sob sua responsabilidade uma<br />
série de projetos e serviços direciona<strong>do</strong>s ao<br />
Pan. Desta forma, a equipe de Scott Givens,<br />
contratada inicialmente como consultora,<br />
passou também a executar o projeto. Com a<br />
chegada de Vitório Moraes ao CO-Rio, a interlocução<br />
entre a entidade e governo federal<br />
melhorou, mas ainda havia outros problemas<br />
operacionais.<br />
O diálogo entre a Gerência de Cerimônias e as<br />
outras áreas <strong>do</strong> Comitê também foi, por vezes,<br />
falho e tardio. Isso ocasionou dificuldades que<br />
poderiam ser evitadas, como no fornecimento<br />
de transporte e de alimentação para os voluntários<br />
que trabalhariam na festa e na montagem<br />
de estruturas temporárias no Sambódromo, local<br />
onde foram feitos os primeiros ensaios.<br />
O atraso no recebimento <strong>do</strong> transporte pela<br />
equipe de dançarinos voluntários, por exemplo,<br />
provocou uma paralisação, que não chegou<br />
a atrapalhar a condução <strong>do</strong>s ensaios mas<br />
exigiu um trabalho de gerenciamento de crise,<br />
tiran<strong>do</strong> o foco da produção da cerimônia em<br />
si. As falhas no processo de credenciamento<br />
tiveram reflexos na área de cerimônias. Com<br />
ampla equipe envolvida no projeto e uma vasta<br />
rede de fornece<strong>do</strong>res, o número de credenciais<br />
necessárias ultrapassava sete mil.<br />
Na portaria, profi ssionais, voluntários e cargas<br />
eram barra<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong> instante, geran<strong>do</strong><br />
constrangimento e desgaste à equipe de produção,<br />
que era obrigada a se deslocar até a<br />
entrada <strong>do</strong> complexo <strong>do</strong> Maracanã para autorizar<br />
o acesso. Mesmo com o deslocamento<br />
de um núcleo de credenciamento para o<br />
Maracanã, exclusivo para a equipe de funcionários<br />
de cerimônias, a operação não foi<br />
efi ciente. Com a proximidade <strong>do</strong>s Jogos, os<br />
problemas se agravaram.<br />
O movimento de entregas de material era incessante<br />
e a carga de trabalho aumentava.<br />
Para evitar maiores confl itos, uma parceria<br />
com o coman<strong>do</strong> de segurança <strong>do</strong> complexo<br />
e a Superintendência de Desportos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro (Suderj) instituiu um esquema<br />
alternativo de acesso. Foram adquiridas<br />
pulseiras coloridas que identificavam função,<br />
dia e áreas de circulação <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s. Era<br />
mais uma demonstração da grande capacidade<br />
de improvisação da produção <strong>do</strong> evento. A<br />
dificuldade perdurou e, no dia da cerimônia de<br />
abertura, vários profissionais envolvi<strong>do</strong>s não<br />
tinham ingresso garanti<strong>do</strong> ao local.<br />
A falha atingia desde o empurra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> carro<br />
alegórico até a grande responsável pela beleza<br />
da festa. Rosa Magalhães teve dificuldades<br />
de ingressar no local. “No dia da cerimônia eu<br />
não tinha credencial e nem convite. Eu não podia<br />
sentar em lugar nenhum. Mas não queria<br />
brigar, só queria ver a festa. Qualquer lugar estaria<br />
bom para mim. Fiquei sentadinha ao la<strong>do</strong><br />
da pira”, revelou Rosa.<br />
Até no final <strong>do</strong>s preparativos a cerimônia reservou<br />
alguns imprevistos. Somente no dia da<br />
abertura, a poucas horas de a celebração começar,<br />
a equipe de produção foi avisada de<br />
que o grama<strong>do</strong> <strong>do</strong> estádio deveria ser desocupa<strong>do</strong><br />
após o término da festa. O combina<strong>do</strong><br />
inicial previa a desmontagem na manhã<br />
seguinte. Desta forma, não havia planejamento<br />
para a retirada da imensa parafernália <strong>do</strong> local<br />
ainda na sexta à noite. Apesar da surpresa,<br />
toda a desmontagem foi feita após a festa, no<br />
prazo solicita<strong>do</strong> pela Suderj.<br />
O atraso na largada para a produção das cerimônias<br />
foi, sem dúvida, o maior desafio de to<strong>do</strong>s<br />
os envolvi<strong>do</strong>s no projeto. Não raro, a concretização<br />
da festa foi posta em dúvida pelos<br />
meios de comunicação.<br />
Passa<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> dramático, com o resulta<strong>do</strong><br />
final positivo, o registro de sucesso feito pela mídia<br />
e a satisfação <strong>do</strong> público, as noites não <strong>do</strong>rmidas<br />
e o estresse vivi<strong>do</strong> em três meses de muito<br />
trabalho foram plenamente recompensa<strong>do</strong>s.<br />
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