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A força da trilha sonora<br />
E<br />
nquanto isso, o Estádio <strong>do</strong> Maracanã<br />
passava por uma verdadeira revolução<br />
para receber a Cerimônia<br />
de Abertura. Cerca de mil metros<br />
quadra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grama<strong>do</strong> central foram retira<strong>do</strong>s<br />
para receber o palco principal. Foram montadas<br />
estruturas de sustentação de iluminação nas<br />
marquises superiores e pontes provisórias em<br />
cima <strong>do</strong> fosso que separa a platéia <strong>do</strong> campo.<br />
As pontes permitiam a movimentação cênica<br />
<strong>do</strong>s dançarinos durante a apresentação. Mais<br />
de 500 profissionais trabalharam na instalação<br />
técnica de luz, som e palco no estádio. A parte<br />
interna também sofreu modificações. No túnel<br />
de acesso ao grama<strong>do</strong> foram ergui<strong>do</strong>s 40<br />
camarins para os artistas. Um grande guarda<br />
roupa foi construí<strong>do</strong> para alocar adereços e figurinos.<br />
No local, havia um serviço de provas de<br />
roupas e ajustes, além da troca de figurino <strong>do</strong><br />
elenco durante a cerimônia.<br />
Longe <strong>do</strong> grande palco, travava-se uma verdadeira<br />
luta contra o relógio. Alê Siqueira comandava<br />
toda a produção musical <strong>do</strong> evento, também<br />
financiada pela União. Em estúdios, os artistas<br />
convida<strong>do</strong>s para se apresentar registravam suas<br />
vozes. Além <strong>do</strong> curto tempo para concretizar to<strong>do</strong>s<br />
os playbacks, a equipe de direção musical<br />
sofria para conciliar a agenda <strong>do</strong>s intérpretes<br />
com os dias de gravação no estúdio. “A gente<br />
passou muitas noites sem <strong>do</strong>rmir e horas em estúdio<br />
para garantir a qualidade técnica na parte<br />
musical das cerimônias. Os artistas também cooperaram<br />
bastante”, diz Alê Siqueira.<br />
Os Jogos ganharam uma trilha sonora exclusiva.<br />
“Viva essa energia”, de Arnal<strong>do</strong> Antunes e<br />
Liminha, foi a música-tema de um repertório<br />
que contemplou várias manifestações populares.<br />
Inclusive, o desfile protocolar <strong>do</strong>s atletas<br />
recebeu um toque especial. Os mais de 5 mil<br />
competi<strong>do</strong>res entraram no Maracanã ao som de<br />
11 chorinhos tradicionais, entre eles “Apanhei-te<br />
cavaquinho”, de Ernesto Narazeth; “Tico-tico no<br />
fubá”, de Zequinha de Abreu; “Noites cariocas”<br />
e “Assanha<strong>do</strong>”, ambas de Jacob <strong>do</strong> Ban<strong>do</strong>lim.<br />
Os chorinhos ganharam arranjos singulares,<br />
um medley com toques de samba, de funk e<br />
de música eletrônica. A iluminação também foi<br />
um recurso cênico importante. Uma infinidade<br />
de cores dava mais vida à já bela apresentação.<br />
Cerca de <strong>do</strong>is mil spots de luz reproduziram diversos<br />
cenários na noite de inverno carioca. Um<br />
teci<strong>do</strong> em tons pastel foi estendi<strong>do</strong> no grama<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> estádio e grande parte <strong>do</strong> público compareceu<br />
à festa vestin<strong>do</strong> uma peça de roupa em tom<br />
claro. A idéia era que a iluminação da cerimônia<br />
interagisse com a platéia. O efeito <strong>do</strong>s feixes<br />
<strong>do</strong>s canhões de luz que refletiam no teci<strong>do</strong><br />
claro foi surpreendente. Os 90 mil presentes se<br />
tornaram mais um elemento cênico que compunha<br />
a apresentação, que aliava a diversidade da<br />
natureza e da cultura brasileira à modernidade.<br />
To<strong>do</strong>s os equipamentos eram aciona<strong>do</strong>s automaticamente<br />
pelo computa<strong>do</strong>r. “Contamos a<br />
relação entre o homem e a natureza com o uso<br />
da tecnologia”, explicou Luiz Stein.<br />
A energia conduziu o enre<strong>do</strong> da cerimônia <strong>do</strong><br />
Pan. O espetáculo se iniciava com o nascer <strong>do</strong><br />
sol e o desabrochar das exuberantes fauna e flora<br />
brasileiras. Os raios solares, ao bater no mangue,<br />
moldavam o barro, dan<strong>do</strong> os contornos da<br />
vegetação nacional. Ao som de Villa-Lobos, foi<br />
apresenta<strong>do</strong> um Brasil que vibra to<strong>do</strong>s os meses<br />
<strong>do</strong> ano. Um Brasil <strong>do</strong> sol, da alegria, das cores,<br />
<strong>do</strong> verde-amarelo. No decorrer da festa, o verde<br />
das florestas e o amarelo <strong>do</strong> sol cedem espaço<br />
para o azul das águas. Mares, rios e lagoas são<br />
representa<strong>do</strong>s alegoricamente como elementos<br />
primordiais da vida, força motriz de um país<br />
continental, fonte de inspiração folclórica e elo<br />
entre o norte e sul. O Rio Amazonas deságua<br />
no mar e nas águas da Praia de Copacabana,<br />
berço da bossa-nova, ícone brasileiro, local da<br />
diversão, <strong>do</strong> riso e da brincadeira infantil.<br />
O sol aos poucos se recolhe e o dia dá lugar<br />
à noite. Adriana Calcanhoto canta para acalmar<br />
os pesadelos, os me<strong>do</strong>s, e espantar os monstros<br />
da noite. Depois da noite escura, cria-se o<br />
sonho. Os obstáculos são supera<strong>do</strong>s e vem a<br />
celebração de um país inteiro nas mais diversas<br />
manifestações culturais: maracatu, frevo, boibumbá.<br />
As festas chegam para libertar, para<br />
descansar o homem da árdua luta. É o gigante<br />
Brasil que se une no estádio <strong>do</strong> Maracanã para<br />
festejar os Jogos Pan-americanos.<br />
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