84classe dos operários assalariados que possuem um lotecomunitário. Esse tipo envolve o campesinato pobre,incluído aí o que não possui nenhuma terra. Orepresentante típico, entre nós, é o assalariado agrícola, odiarista, o peão, o operário da construção civil ou qualqueroutro operário com um lote de terra. Eis os traçoscaracterísticos do proletariado rural: possuiestabelecimentos de extensão ínfima, cobrindo pedacinhosde terra, e, ademais, em total decadência (cujo testemunhopatente é a colocação da terra em arrendamento); não podesobreviver sem vender sua força de trabalho (= ‘ofícios’do camponês sem posses); seu nível de vida éextremamente baixo (provavelmente inferior ao dooperário sem terra).”Relacionando ao caso brasileiro, pode-se verificar por um lado oprocesso de proletarização e sub-proletarização no campo, notadamente em empresasrurais capitalistas, através do processo de modernização conservadora da agriculturabrasileira e as transformações ocorridas a partir dos anos de 1960.Por outro lado o campesinato pobre tem as mesmas características dabase dos integrantes do MST, que são: ex-pequenos agricultores familiares que nãosobreviveram ao desenvolvimento do capitalismo no país, proletariado rural expulsodevido à mecanização da agricultura, ex-colonos, bóias-frias, diaristas, peão edesempregados da sociedade urbana. Assim esses trabalhadores quando assentados emsuas pequenas propriedades têm poucos recursos para desenvolverem uma agriculturade subsistência e ainda menos uma agricultura competitiva.Esta realidade dos pequenos agricultores assentados nos programas dereforma agrária se assemelha muito a dos camponeses franceses após 1848, quesegundo MARX (1950, p.132), são caracterizados como “uma imensa massa, cujosmembros vivem em condições semelhantes, mas sem estabelecerem relaçõesmultiformes entre si. Seu modo de produção os isola uns dos outros, em vez de criarentre eles um intercâmbio mútuo”, impossibilitando uma comunicação eficiente, aaplicação de métodos científicos, uma diversidade de desenvolvimento, uma variedadede talento e relações sociais. Para o autor, este isolamento ainda propiciava que osinteresses e a cultura camponesa não fossem defendidos por eles mesmos, ou liderançasou algum partidário, ou seja, não sendo representado como classe, não havendo umaorganização política.
85No Brasil, como organização política e representação expressiva daclasse dos trabalhadores rurais sem terra, o MST, historicamente, desenvolve ações parao rompimento da situação de exclusão. Segundo CONCRAB, citado por VAZZOLER(2004), pode-se dividir as ações do movimento nas seguintes etapas:• Primeiro Período (1979-1984): origem do MST, nesse período a conquista daterra é o eixo central. Havia certo modo uma visão ingênua de que apenas aconquista da terra já asseguraria a independência do agricultor. Dentro domovimento, a discussão sobre produção era muito incipiente. A produção dasfamílias voltava-se basicamente para o auto-sustento. Existia um nível decooperação espontâneo, envolvendo multirão e trocas de dias de serviços;• Segundo Período (1984-1989): Com o aumento do número de assentamentos, aquestão da produção começa a ser mais debatida no movimento. A produção desubsistência não assegura o desenvolvimento econômico das famíliasassentadas. A cooperação se organiza em duas direções: através de pequenosgrupos e associações de trabalho coletivo (máximo de 10 famílias cada), osquais se orientavam com base em princípios comunitário-religiosos (construiruma comunidade de irmãos), mais do que observando os princípios econômicosde funcionamento, e através da formação de grandes associações paracomercialização dos produtos dos assentamentos;• Terceiro Período (1989-1993): período de construção do Sistema Cooperativistados Assentados (SCA), que surge de uma avaliação sobre os limites dodesenvolvimento sócio-econômico dos assentamentos, até então isolados unsdos outros. Formula-se uma série de linhas políticas para a organização dosassentamentos e também para a constituição de cooperativas coletivas. Adiscussão da cooperação na produção incorpora análises dos aspectos sociais eeconômicos, resultando em melhoria da qualidade dos coletivos formados eincremento no funcionamento dos então existentes. Surgem grandescooperativas de trabalho coletivo (algumas com mais de 100 famíliasenvolvidas);• Quarto Período (1993-1997): constituem-se diversas cooperativas regionais decomercialização ligadas ao SCA, que atuam na perspectiva de massificar acooperação entre as famílias assentadas. Os coletivos vinculam-se a essas
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