17.04.2013 Views

Meredith Gentry 1 - CloudMe

Meredith Gentry 1 - CloudMe

Meredith Gentry 1 - CloudMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

histeria ou sair gritando de um ambiente. Tinha aprendido a observar as coisas<br />

mais horríveis e a fazer comentáios secos e educados.<br />

Doyle tomou a pergunta ao pé da letra.<br />

-Não sei, princesa, mas será interessante descobrir os limites de seu poder.<br />

Estava em desacordo, mas não rebati o comentário, porque não podia<br />

pensar em um comentário suficientemente seco e educado para cobrir a<br />

situação. Os chiados afogados continuavam com o mesmo ritmo que a<br />

respiração daquela massa de carne. Nerys era imortal. Meu pai tinha feito o<br />

mesmo uma vez a um inimigo da rainha. Andais guardou aquela bola de carne<br />

em um arca, em sua quarto. Periodicamente, alguém a encontrava em sua<br />

cama. Que eu saiba, nunca ninguém perguntou o que fazia fora do arca. Um<br />

simplesmente a agarrava, devolvia-a à arca, fechava esta e lutava contra as<br />

imagens que lhe passavam pela cabeça quando encontrava essa bola de carne<br />

na cama da rainha.<br />

-Sholto pediu que desse morte a Nerys. Faça, assim poderemos sair daqui.<br />

Mostrei-me desinteressada, aborrecida inclusive. Pensei que, se tinha que<br />

estar de pé ali escutando durante muito tempo como gritava aquela coisa, me<br />

uniria a seus gemidos.<br />

Ainda de joelhos, Doyle me ofereceu a espada, sustentando-a pelo fio.<br />

-É sua magia: mata-a você.<br />

Olhei o punho de osso, os três corvos e seus olhos adornados com jóias.<br />

Não queria fazer aquilo. Olhei o fio durante outro minuto, tentando pensar em<br />

como sair da situação sem mostrar debilidade. Não me ocorreu nada. Se me<br />

começasse a gritar, a tormenta de Nerys seria em vão. Eu ganharia um novo<br />

título, mas não a reputação de como o tinha conseguido.<br />

Agarrei a espada e amaldiçoei ao Doyle por me oferecer isso. Deveria ser<br />

fácil de fazer. Seu coração estava pulsando em um lado da bola. Afundei a<br />

espada nele e começou a brotar sangue. O coração deixou de pulsar, mas os<br />

chiados não se detinham.<br />

Olhei aos dois homens.<br />

-Por que não está morta?<br />

-É mais difícil matar a um sluagh que a um sidhe-disse Sholto.<br />

-Muito mais?<br />

Encolheu-se de ombros.<br />

-É você quem está matando.<br />

Então, odiei para os dois, porque me dava conta finalmente de que se<br />

tratava de uma prova. Se me negasse a matá-la, eram capazes de deixá-la<br />

com vida, e isso era inadmissível. Não a podia deixar assim, sabendo que<br />

nunca envelheceria, nem se curaria, nem morreria. Simplesmente, continuaria<br />

existindo. Neste caso a morte era uma expressão de misericórdia; qualquer<br />

outra coisa era uma loucura, para ela e para mim.<br />

Cravei a espada em todos os órgãos vitais que encontrei. Sangravam,<br />

deixavam de funcionar, e mesmo assim o chiado continuava. Finalmente,<br />

levantei a espada com as duas mãos por cima da cabeça e comecei a<br />

esfaqueá-la. Ao princípio, fazia uma pausa entre cada estocada, mas os<br />

chiados não cessavam no interior daquela bola de carne. Em algum momento,<br />

depois da décima estocada, ou da décima quinta, deixei de fazer pausas,<br />

deixei de escutar, limitei-me a cravar a espada.<br />

Tinha que deter o chiado. Tinha que matá-la. Meu mundo se estreitou,<br />

circunscreveu-se ao afundamento da espada naquela carne dura. Meus braços

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!