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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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tinha algo mais que uma estrutura óssea, mas é de má educação tentar<br />

descobrir os poderes mágicos de uma pessoa a primeira vez que a vê. Entre<br />

sidhe, considera-se um desafio, um insulto, duvidar de que o outro possa<br />

proteger-se de sua magia mais superficial. Provavelmente Naomi não o teria<br />

tomado como um insulto, mas sua ignorância não me servia de desculpa para<br />

se descortês.<br />

Frances Norton me estendeu a mão como se temesse que a tocasse.<br />

Tratei-a com a mesma educação que à outra mulher, mas não a tinha roçado<br />

sequer, quando senti o feitiço. A linha de energia que rodeia a todos, a aura,<br />

arremetia contra minha pele para evitar que a tocasse. A magia de outra<br />

pessoa era tão densa em seu corpo que tinha recheado sua aura como água<br />

suja em um copo limpo. De algum jeito, aquela mulher já não era ela mesma.<br />

Não se tratava exatamente de uma posse, mas quase. Sem dúvida violava<br />

várias leis humanas, e todas estas violações contribuíam delitos graves.<br />

Empurrei a mão através daquele torvelinho de energia e tomei a sua. O<br />

feitiço tentava filtrar-se através de minha pele e subir pelo braço. Não era<br />

visível, mas, igual a se vêem coisas nos sonhos, eu podia sentir uma tênue<br />

escuridão que tratava de me subir pelo braço. Parei-a justo debaixo do cotovelo<br />

e tive que me concentrar para me separar disso do modo em que alguém se<br />

tira uma luva. Tinha quebrado meu amparo como se tal coisa e há poucas<br />

maneiras de obtê-lo, e nenhuma delas é humana.<br />

Frances me olhava fixamente com os olhos muito, muito abertos.<br />

-O que... O que lhe está fazendo?<br />

-Não lhe estou fazendo nada, senhora Norton.<br />

Minha voz soou um pouco impessoal, distante, porque estava me<br />

concentrando em expulsar de mim o feitiço para que ao lhe soltar a mão não<br />

me acontecesse nada.<br />

A senhora Norton tentou retirar a mão, mas eu não a deixei. Começou a<br />

sacudir ela, fraco mas insistentemente. A outra mulher disse:<br />

-Deixe ao Frances agora.<br />

Já quase me tinha liberado, estava virtualmente preparada para soltá-la,<br />

quando a outra mulher me tocou o ombro. Me arrepiou o pêlo da nuca, e perdi<br />

a concentração ao sentir a Naomi Phelps. O feitiço voltou a cair sobre minha<br />

mão e me subiu ao ombro antes de que pudesse me concentrar o suficiente<br />

para detê-lo. Mas o único que podia fazer era pará-lo. Não podia tirar isso de<br />

mim, porque uma parte muito importante de minha atenção se concentrava na<br />

outra mulher.<br />

Nunca se toca alguém quando está fazendo magia ou realizando atividades<br />

psíquicas, a não ser que queira que aconteça algo. Foi isto, mais que qualquer<br />

outra coisa, o que me indicou que nenhuma das mulheres era profissional ou<br />

tinha poderes especiais psíquicos. Ninguém com um pouco de prática, embora<br />

fora mínima, tivesse atuado deste modo. Sentia os efeitos de algum ritual<br />

aderido ao corpo do Naomi. Tratava-se de algo complexo e pessoal.<br />

Automaticamente, pensei na gulodice. Algo tinha estado se alimentando de sua<br />

energia e tinha deixado cicatrizes psíquicas.<br />

Separou-se de mim e levou a mão ao peito. Havia sentido minha energia,<br />

de maneira que tinha talento. Não me surpreendeu. O surpreendente era que<br />

não estava treinada. Atualmente vão às creches paraa fazer provas e ver quem<br />

tem dotes psíquicos ou talentos místicos, mas nos anos sessenta era um<br />

programa novo. Naomi as tinha arrumado para que não a descobrissem, e

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