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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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visitado nossa casa. Ele havia dito: «Os trasgos são os que mais lutam em<br />

nossas guerras. São eles, não os sidhe, a coluna vertebral de nossos<br />

exércitos.»<br />

Isto tinha sido verdade na última guerra de trasgos, quando assinamos um<br />

tratado que se manteve. Kurag se encontrava tão a gosto com meu pai que<br />

tinha pedido minha mão como consorte. O resto dos sidhe o consideraram uma<br />

ofensa, e alguns falaram inclusive de declarar a guerra. Os trasgos, por sua<br />

parte, consideraram seu desejo de ter uma esposa com aspecto tão humano<br />

como a máxima expressão da perversão e falavam pelas suas costas de<br />

procurar um novo rei. Não obstante, outros trasgos viam quão benéfico era ter<br />

uma rainha com sangue de sidhe. Então fez falta uma boa dose de diplomacia<br />

para nos afastar da guerra ou de umas bodas com um trasgo. Foi pouco depois<br />

disto que se anunciou meu compromisso com o Griffin.<br />

Kurag se abatia sobre mim. Sua pele era de um tom amarelo similar ao do<br />

Fflur, mas enquanto que a dela era delicada e perfeita como o marfim, a pele<br />

do Kurag estava coberta de verrugas e protuberâncias. Cada imperfeição de<br />

sua pele era uma marca de beleza. Um olho se sobressaía de uma grande<br />

protuberância de seu ombro direito, um olho errante, assim o chamavam os<br />

trasgos, porque estava afastado do rosto. Quando menina, eu gostava daquele<br />

olho, a maneira que tinha de mover-se com independência de seu rosto; eu<br />

gostava dos três olhos que lhe agraciavam seus rasgos largos e marcados. O<br />

olho de seu ombro era da cor das violetas, com umas pestanas negras muito<br />

largas. Abria-se uma boca justo em cima de seu mamilo direito, uma boca de<br />

carnudos lábios vermelhos, com uns pequenos dentes brancos. Uma magra<br />

língua rosa lambia aqueles lábios, e saía ar daquela boca. Se a gente punha<br />

uma pluma diante daquela segunda boca, esta a soprava para cima. Enquanto<br />

meu pai e Kurag falavam, entretinha-me olhando aquele olho, e aquela boca e<br />

os dois braços gêmeos que saíam de forma pouco elegante do flanco direito do<br />

Kurag. Jogávamos cartas, aquele olho, aquela boca, aqueles braços e eu.<br />

Sempre tinha pensado que Kurag era muito inteligente para poder concentrarse<br />

em coisas tão díspares de uma vez.<br />

O que não soube até a adolescência era que havia duas pernas magras<br />

debaixo do cinto do Kurag, do lado direito, completadas com um pênis pequeno<br />

mas completamente funcional. A concepção do cortejo entre os trasgos era<br />

pouco sutil, por não dizer grosseira. A proeza sexual era muito importante entre<br />

eles. Quando me mostrei apática ante a proposição do Kurag, este se baixou<br />

as calças e me mostrou tanto seu próprio membro como o de seu gêmeo<br />

parasita. Eu tinha dezesseis anos e ainda lembrava o horror de me dar conta<br />

de que havia outro ser apanhado no corpo do Kurag. Outro ser com suficiente<br />

inteligência para jogar a cartas com uma menina quando Kurag não prestava<br />

atenção. Havia uma pessoa inteira apanhada ali dentro. Uma pessoa completa<br />

que, se a genética tivesse sido mais generosa, poderia ter tido outro olho de<br />

lavanda.<br />

Nunca voltei a me encontrar a gosto com o Kurag depois disto. Não tinha<br />

sido pela proposição nem pela revelação de sua dignidade extraordinária. Foi a<br />

visão desse segundo pênis, comprido e ereto, independente do Kurag e<br />

desejoso de mim. Quando os rechacei aos dois, aquele único olho cor lavanda<br />

tinha derramado uma solitária lágrima.<br />

Tive pesadelos durante semanas. Os membros adicionais estavam bem,<br />

mas um ser apanhado dentro de outra pessoa... Não tenho palavras para

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