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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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pés. Quando a levantaram e a depositaram graciosamente no chão, quase<br />

pensei que começaria a soar música e a aparecer bailarinos desde algum<br />

lugar. Minha tia era certamente capaz de provocar esta ilusão.<br />

Apoiei-me em um joelho, e meu vestido era o bastante largo para fazer que<br />

o gesto parecesse garboso. O tecido voltaria para seu lugar quando me<br />

levantasse, um dos motivos pelos que o tinha escolhido. A liga estava apertada<br />

contra o tecido, mas a única coisa que podia adivinhar debaixo da roupa<br />

granada era que no mínimo usava uma liga. A faca não se via. Ainda não<br />

inclinei a cabeça. A rainha estava atuando e queria ser observada.<br />

A rainha Andais era sem dúvida uma mulher alta, inclusive para os critérios<br />

atuais: mais de um metro e oitenta. Sua pele brilhava como alabastro gentil e a<br />

perfeita linha negra das sobrancelhas e suas grossas pestanas constituíam um<br />

surpreendente contraste.<br />

Inclinei a cabeça, porque era o que se esperava de mim, e a mantive baixa,<br />

com o qual a única coisa que podia ver era o chão e minha própria perna. Ouvi<br />

como sua saia se deslizava pelo chão. Seus saltos fizeram um som agudo ao<br />

passar do tapete ao chão de pedra. As ligas se levantavam em uníssono à<br />

medida que caminhava para mim, e descobri que era um mini ataque, áspero e<br />

incômodo em contato com a pele.<br />

Finalmente, apareceu uma parte de saia negra no chão, a meus pés. Sua<br />

voz era baixa, um contralto gracioso:<br />

-Saudações, princesa <strong>Meredith</strong> NicEssus, Filha da Paz, Veneno de Besaba,<br />

filha de meu irmão.<br />

Mantive a cabeça inclinada, e a manteria assim até que me desse<br />

permissão para elevá-la. Não tinha me chamado de sobrinha, embora tinha<br />

reconhecido nosso parentesco. Era um ligeiro insulto não mencionar a relação<br />

familiar que nos unia, mas até que não me chamasse de sobrinha, não a podia<br />

chamar de tia.<br />

-Saudações, rainha Andais, Rainha do Ar e da Escuridão, Amante da Carne<br />

Branca, irmã do Essus, meu pai. Vim das regiões ao oeste a teu pedido. O que<br />

quer de mim?<br />

-Nunca entendi como o faz -disse.<br />

Mantive o olhar baixo.<br />

-O que, minha rainha?<br />

-Como pode dizer exatamente as palavras corretas com exatamente o tom<br />

de voz correto e mesmo assim não soar sincera, como se achasse tudo<br />

terrível, terrivelmente tedioso.<br />

-Desculpo-me se te ofendi, minha rainha.<br />

Esta era a resposta mais segura que podia oferecer, porque efetivamente<br />

achava tudo terrível, terrivelmente tedioso. Simplesmente, não tinha pensado<br />

que se manifestaria tão claramente em minha voz. Estava ali de joelhos, com a<br />

cabeça inclinada, esperando que me autorizasse a me levantar. Nem com<br />

saltos de cinco centímetros poderia agüentar muito tempo nesta posição.<br />

Custava-me manter o equilíbrio. Se Andais o desejava, podia me deixar como<br />

estava durante horas, até que minha perna inteira dormisse, à exceção de um<br />

ponto de dor no joelho, onde descansava quase todo meu peso. Meu recorde<br />

de permanecer de joelhos era de seis horas e o tinha conseguido depois de<br />

romper o toque de silêncio, quando tinha dezessete anos. Teriam me deixado<br />

mais tempo, mas ou dormi ou desmaiei, não tenho certeza.<br />

-Cortaste-te o cabelo -disse minha tia.

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