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33<br />
Estávamos de novo na Limusine Negra. A escuridão ainda enchia o céu,<br />
mas havia uma sensação de amanhecer no ambiente, quase como o gosto de<br />
sal no ar da costa. Não se podia ver, mas sabia que estava aí. O alvorada<br />
estava perto, e eu estava contente. Havia coisas na corte da Escuridão que<br />
não podiam surgir à luz do dia, coisas que Cel podia me enviar; embora Doyle<br />
considerava pouco provável que o príncipe tentasse fazer algo mais essa noite.<br />
Entretanto, tecnicamente, o castigo do Cel não começaria até o dia seguinte de<br />
noite, com o qual os três meses ainda não tinham começado. Isso significava<br />
que todos os homens tinham recuperado suas armas. Frost caminhava<br />
produzindo um ruído quase metálico. Outros eram um pouco mais sutis, mas<br />
não muito mais.<br />
A grande espada do Frost, Geamhrad, o «beijo de inverno», estava<br />
colocada entre ele e a porta do carro. Inclusive colocada a suas costas, era<br />
muito larga para levá-la no carro. Não era uma arma capaz de matar como a<br />
Temor Mortal, mas podia arrebatar a paixão de um elfo, lhe deixar frio e estéril<br />
como a neve de inverno. Houve uma época em que perder a paixão, a faísca,<br />
teria assustado a um elfo mais que a morte.<br />
Doyle conduzia e Rhys ia diante com ele. Doyle tinha ordenado ao Rhys ir<br />
detrás com o resto de nós, mas Frost tinha insistido em que lhe permitisse ir<br />
detrás. Isso me tinha parecido... Estranho.<br />
Agora estava sentado à esquerda, apertado contra a porta, com as costas<br />
erguida, e aquele cabelo de prata brilhando na escuridão. Galen estava<br />
sentado no outro lado. A maioria de suas feridas já estavam curadas, e as que<br />
não estavam, ocultavam-se debaixo de uns jeans limpos. Pôs uma camiseta<br />
branca debaixo de uma camisa verde pálido. Usava esta colocada por dentro<br />
dos jeans mas desabotoada, com o qual lhe via a camiseta de ponto elástico. A<br />
única coisa que ficava do traje da corte eram as botas até os joelhos, de uma<br />
cor verde musgo. A jaqueta de couro marrom que tinha usado durante anos<br />
permanecia dobrada sobre seus joelhos.<br />
Ficava espaço no assento para o Kitto, mas tinha preferido agachasse no<br />
chão, com os joelhos apertados contra o peito. Galen lhe tinha emprestado<br />
uma camisa de largas mangas para cobrir a correia metálica que levava. A<br />
camisa ia enorme, e as mangas brancas ondeavam em cima de suas mãos. A<br />
única coisa que podia ver eram seus peitos nus que se sobressaíam da roupa.<br />
Parecia ter oito anos, agachado naquela escuridão.<br />
A perguntas como «Tem certeza que está bem?», Respondia «Sim, está<br />
Senhora” parecia ser sua resposta para tudo, mas resultava evidente que se<br />
sentia abatido por algum motivo. Renunciei a lhe surrupiar informação. Estava<br />
cansada e me doía o tornozelo. Para ser exatos, doía-me o pé e a perna até a<br />
altura do joelho. Rhys e Galen se alternaram para me pôr gelo no tornozelo<br />
durante os espetáculos de sobremesa. O baile, que pretendia me ajudar a<br />
escolher entre os homens, tinha sido um fracasso porque não pude dançar.<br />
Não só me doía o tornozelo, sentia-me mau e tremendamente cansada.<br />
Apoiei-me contra o ombro do Galen. Ele levantou o braço para colocá-lo<br />
sobre meus ombros, mas se deteve o meio movimento.<br />
-Ah! -Exclamou.<br />
-Ainda lhe doem as mordidas? -Perguntei.