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Tinha que fazer algo para dissipar a tensão existente entre eles. Tinha visto<br />
começar muitos duelos por menos. Muito sangue, muita morte por estas coisas<br />
estúpidas.<br />
Toquei os dois cotovelos do Doyle e movi minhas mãos lentamente por<br />
seus antebraços.<br />
-Ver Keelin me tem quebrado o coração, tal e como Andais sabia, de modo<br />
que me leve ante a ela.<br />
Minhas mãos se deslizaram lentamente por seus braços, e observei que<br />
sua negra pele estava descoberta; usava manga curta debaixo da larga capa.<br />
-O país te recebe, pequena, e sua ousadia cresce -disse Doyle.<br />
-Não era ousadia, Doyle. -Minhas mãos estavam quase em seus punhos,<br />
quase no interior das chamas. Não havia calor para me avisar, só a lembrança<br />
de ver um homem retorcendo-se de dor e morrendo devorado por uma chama<br />
verde. -Isto é ousadia.<br />
Fiz duas coisas de uma vez. Levei minhas mãos para cima, ali onde estava<br />
a chama e soprei, como se estivesse apagando uma vela.<br />
As chamas se desvaneceram como se as tivesse apagado, mas não o tinha<br />
feito. Doyle as tinha apagado uma fração de segundo antes de que minha pele<br />
as tocasse.<br />
Estava o suficientemente perto para que, à luz da lua, pudesse ver que<br />
estava comovido e aterrorizado pelo que quase tinha feito.<br />
-Está louca.<br />
-Deu-me sua palavra de que chegaria à rainha sã e salva. Sempre mantém<br />
sua palavra, Doyle.<br />
-Confiou em que não te farei mal.<br />
-Confiei em seu sentido de honra, sim.<br />
Doyle voltou a olhar para o Cel e Siobhan. Keelin tinha se reunido com eles.<br />
Cel nos observava com uma expressão que indicava que quase acreditava que<br />
eu tinha feito exatamente o que parecia que tinha feito, apagar a chama do<br />
Doyle.<br />
Deixei uma mão no punho do Doyle e lancei um beijo para meu primo com<br />
minha mão livre.<br />
Saltou como se o beijo lhe tivesse golpeado. Keelin havia se agachado<br />
perto dele e estava me olhando, com olhos não de tudo amistosos.<br />
Siobhan se interpôs, e esta vez tirou sua espada, uma linha brilhante de<br />
gélido aço. Sabia que a mão era de osso lavrado, e a armadura, de bronze;<br />
mas, para matar, utilizava aço ou ferro. Tinha uma espada curta de bronze a<br />
seu lado, mas tinha tirado o fio de aço que levava em suas costas. Para a<br />
defesa, teria tirado o bronze, mas havia tirado a de aço. Queria matar.<br />
Resultava interessante saber que era honesta.<br />
Doyle me segurou os dois braços e se virou para que o olhasse.<br />
-Esta noite não quero lutar contra Siobhan porque assustaste a seu primo.<br />
Seus dedos me cravaram na pele e soube que me tinha machucado, mas ri.<br />
E minha risada soou com uma amargura que recordou a alguém, a alguém<br />
com olhos marrons sem lágrimas.<br />
-Não esqueça que também assustei Siobhan. Isto é muito mais<br />
impressionante que assustar Cel.<br />
Sacudiu-me com força.<br />
-E mais perigoso.