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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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-Alguns cães da corte podem fazer isso, mas nunca ouvi dizer que um sidhe<br />

tivesse esta habilidade.<br />

-Como disse Sholto, não ser sidhe puro tem suas vantagens. Ele pode fazer<br />

crescer uma parte amputada de seu corpo, e eu posso lamber uma ferida até<br />

que se cure.<br />

Não tentei ocultar minha incredulidade.<br />

-Se fosse qualquer outro guarda, te acusaria de procurar uma desculpa para<br />

pôr sua boca em cima de mim.<br />

Sorriu, e esta vez o sorriso era mais brilhante, mais cheio de humor.<br />

-Se meus companheiros corvos tentassem te enganar, não seria seu braço<br />

que tocariam.<br />

Não pude conter a risada.<br />

-Bem pensado. De acordo, então, faça que deixe de sangrar. Não quero ir a<br />

emergência esta noite. -Tirei o braço de seu ombro-. Pode ir.<br />

Inclinou-se para meu braço, devagar, falando enquanto se movia.<br />

-Tentarei que lhe incomode o menos possível. -Senti sua respiração cálida<br />

junto a minha pele e a seguir sua língua me lambeu ligeiramente a ferida.<br />

Saltei.<br />

Olhou-me sem afastar o rosto de meu braço.<br />

-Te machucou, princesa?<br />

Neguei com a cabeça, porque não confiava em minha voz.<br />

Lambeu duas vezes mais ao longo da ferida, muito devagar, e a seguir sua<br />

língua se meteu na ferida. A dor foi aguda, imediata, e tive que sufocar um<br />

grito.<br />

Esta vez não se retirou, mas sim apertou mais a boca contra minha pele.<br />

Seus olhos se fecharam enquanto sua língua pinçava na ferida, provocando<br />

sensações de dor aguda.<br />

Dor como pequenas descargas elétricas. Com cada pontada sentia que algo<br />

se esticava em meu corpo, mais abaixo. Era como se os nervos que tocava<br />

estivessem conectados a outras coisas que não tinham nada que ver com meu<br />

braço.<br />

Começou a lamber a ferida com movimentos largos e lentos. Continuava<br />

com os olhos fechados, e eu estava o bastante perto para ver suas negras<br />

pestanas. Já logo não sentia dor, só a sensação de sua língua deslizando-se<br />

por meu corpo. Sentir sua boca em minha pele me acelerou o pulso e me<br />

formou um nó na garganta. Seus brincos capturavam a luz e a refletiam com<br />

um brilho argentino, como se os lóbulos de suas orelhas estivessem lavrados<br />

em prata. A ferida começou a concentrar calor. Era semelhante a ser curada<br />

por imposição de mãos. O calor crescente e a energia que vibrava contra<br />

minha pele, dentro de minha pele, eram sensações quase idênticas.<br />

Doyle se separou de meu braço, com os olhos semi cerrados. Tinha o<br />

aspecto de quem acordava de um sonho, ou como se lhe tivessem<br />

interrompido pensamentos mais íntimos. Soltou-me o braço, lentamente, quase<br />

a contra gosto.<br />

Falou muito devagar, com voz rouca.<br />

-Fazia muito tempo que não fazia isso. Tinha esquecido como se sente.<br />

Dobrei o braço para ver a ferida, e já não havia ferida. Toquei a pele com a<br />

ponta dos dedos. Estava limpa, intacta, ainda úmida pela boca do Doyle, ainda<br />

quente ao tato, como se uma parte da magia se aferrasse à pele.<br />

-É perfeito, nem sequer ficou cicatriz.

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