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maneira em que a luz das velas brilhava em seu membro. Não tinha pensado<br />
nele durante anos, e nesse momento podia degustá-lo em meus lábios.<br />
Durante essa noite, enquanto durasse o azeite, podia atuar como um<br />
duende menor, ou como uma sidhe humana, dar e receber prazer de qualquer<br />
modo. Era um grande presente, mas como a maioria de presentes de conto de<br />
fadas, tinha um dobro fio. Porque o humano ou o duende passariam o resto de<br />
sua vida desejando este poder, este toque. Um ser humano podia desperdiçar<br />
sua vida e morrer por sua carência. Roane era um duende sem sua magia,<br />
sem sua pele de foca. Não tinha magia própria que lhe protegesse do que as<br />
Lágrimas podiam lhe fazer.<br />
Eu sabia o muito que desejava o contato de outro sidhe, mas até esse<br />
momento não me tinha dado conta de até que ponto. Se Griffin tivesse estado<br />
na outra habitação, me teria arrojado a por ele. À manhã seguinte poderia lhe<br />
haver parecido uma faca no coração, mas essa noite, me teria entregue a ele.<br />
Ouvi o Roane na entrada, detrás de mim, mas não me voltei. Não queria lhe<br />
ver ali de pé. Não estava segura de se minha maltratada força de vontade seria<br />
capaz de resisti-lo. O dianteiro do vestido estava rasgado, destroçado, mas não<br />
me podia baixar a cremalheira.<br />
-Pode me baixar a cremalheira, por favor?<br />
Minha voz soou estrangulada como se tivesse que arrancar as palavras de<br />
meus lábios. Acredito que era porque o que queria dizer era «tome, minha fera<br />
selvagem», mas isso carecia de dignidade e Roane merecia algo melhor que<br />
ser abandonado necessitado, desejando para sempre algo que não poderia<br />
voltar a tocar nunca mais. Podia deixar cair meu encanto e me deitar com ele<br />
depois dessa noite, mas cada noite que me tocasse de verdade só aumentaria<br />
meu vício.<br />
Baixou-me a cremalheira e eu me separei dele.<br />
-Minha pele está lubrificada com as Lágrimas. Não me toque.<br />
-Nem sequer com as luvas postas? -Perguntou.<br />
Tinha esquecido as luvas cirúrgicas.<br />
-Não, suponho que com as luvas estará a salva.<br />
Tirou-me o vestido pelos ombros, lenta e delicadamente, como se temesse<br />
me tocar. Tirei os braços, mas a malha estava tão pesada pelo azeite que o<br />
vestido não escorregava. Pegava-se para mim como uma mão grosa e pesada.<br />
Sugava-me a pele enquanto me desprendia dele. Roane me ajudou a me tirar o<br />
vestido úmido dos quadris, ajoelhando-se para que pudesse sair dele. Ainda<br />
levava os saltos e me amaldiçoava por não haver me tirado isso antes. Tinha<br />
fechado os olhos para não lhe ver enquanto me ajudava a me despir. Toquei<br />
seu ombro em busca de um ponto de apoio e quase me caí de todos os modos<br />
ao sentir que tocava sua pele nua.<br />
Abri os olhos e o encontrei ajoelhado ante mim, nu salvo pelas luvas.<br />
Separei-me dele com tanta violência que caí de culo na banheira, com uma<br />
mão diante de mim para lhe manter afastado. Estava sentada em um par de<br />
centímetros de água e batalhava com o grifo para fechá-lo. Embora<br />
possivelmente teria que havê-la deixado correr e me inundar nela.<br />
Roane ria.<br />
-Acreditei que te poderia baixar a cremalheira antes de que te desse conta,<br />
mas não sabia que tinha fechado os olhos.