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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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2<br />

Pensei que de algum modo poderia determinar qual das duas mulheres era<br />

a esposa e qual era a amante com apenas o olhar. Entretanto, a primeira vista<br />

eram só duas mulheres atrativas, vestidas de maneira informal, como duas<br />

amigas que saem às compras ou vão comer alguma coisa. Uma era baixa,<br />

embora uns centímetros mais alta que Jeremy ou eu. O cabelo loiro,<br />

encaracolado de forma natural, caía-lhe justo até os ombros. Tinha uma beleza<br />

singela e uns extraordinários olhos azuis que lhe enchiam o rosto. Umas<br />

sobrancelhas arqueadas e espessas compensavam os escuros cílios que<br />

emolduravam seus olhos de forma quase teatral, embora a cor negra me fazia<br />

pensar a respeito da autenticidade do loiro. Não ia maquiada, mas, estava<br />

muito bonita, de uma maneira muito natural. Com maquiagem e outra roupa<br />

teria um resultado impressionante.<br />

Sentou-se encolhida, com vos ombros encurvados, como quem espera que<br />

lhe dêem um bofetão. Olhava-me com os olhos de um cervo iluminado pelos<br />

faróis de um carro, com a certeza de que não ia poder deter a desgraça que lhe<br />

vinha.<br />

A outra mulher era magra e alta, media mais de um metro e setenta, e os<br />

largos cabelos, castanhos e murchos, caíam-lhe em uma brilhante juba até a<br />

cintura. Aparentava veinte e poucos anos. Depois, a intensidade de seus olhos<br />

castanhos fez que lhe acrescentasse uma década, porque ninguém tem esse<br />

olhar antes dos trinta. Parecia mas segura de si mesma que a loira, mas a<br />

rigidez de seus ombros e seu olhar revelavam alguma profunda tortura interior.<br />

A via tão delicada que custava imaginar que tinha algo tão duro como o osso<br />

debaixo da pele. Só existe uma razão para que uma pessoa alta e segura de si<br />

mesma tenha essa aparência de ternura: era, em parte, uma sidhe.<br />

Certamente, seu vínculo se remontava a umas quantas gerações, nada tão<br />

estreito como minha proximidade com a corte, mas em algum ponto de sua<br />

árvore genealógica uma de suas tataravós se deitou com alguém um pouco<br />

não humano e do encontro tinha nascido um menino. O sangue de fada, do tipo<br />

que seja, marca a uma família, mas ao parecer o sangue de sidhe se conserva<br />

nos genes pra sempre, de maneira que nunca se elimina por completo.<br />

Supus que a loira era a mulher, e a outra a amante. A loira parecia a mais<br />

golpeada das duas, e os homens podem abusar de qualquer mulher de suas<br />

vidas, mas normalmente reservam o melhor, ou o pior, para sua família. Meu<br />

avô sempre tinha atuado assim.<br />

Entrei no escritório rindo, com a mão estendida para cumprimentar as duas,<br />

como se fossem qualquer outro cliente. Jeremy nos apresentou. A loira baixa<br />

era a mulher, Frances Norton; a alta e de cabelo castanho era a amante,<br />

Naomi Phelps.<br />

Naomi me estreitou a mão com força. Sua mão tinha um tato frio e eu a<br />

sustentei muito tempo, me deleitando com o contato de sua pele. Era o mais<br />

próximo que tinha tido com outra sidhe em três anos. Há algo na linha de<br />

sangue real que se parece com uma droga. Uma vez se provou, sempre sente<br />

falta. Nem sequer o contato com qualquer outro duende lhe pode comparar.<br />

Olhou-me desconcertada, e era um desconcerto muito humano. Soltei-lhe a<br />

mão e tentei me fazer passar por humana. Uns dias me saía melhor que<br />

outros. Poderia ter tentado averiguar suas faculdades psíquicas, determinar se

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