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Meredith Gentry 1 - CloudMe

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subiam e desciam, subiam e desciam. A espada golpeou a carne. Salpicou-me<br />

sangue na cara e na camisa. Acabei de joelhos ao lado de algo que já não era<br />

redondo nem inteiro. Tinha despedaçado aquela coisa, em peças<br />

irreconhecíveis. E o chiado, por fim, acabou.<br />

Tinha as mãos empapadas de sangre carmesim, até os cotovelos.<br />

A lâmina da espada era escarlate, o punho de osso, sangue coagulado,<br />

mas se seguia adaptando a minha mão, sem escorregar. A camisa de seda<br />

verde que tinha vestido estava empapada de sangue. Alguém respirava muito<br />

rápido, muito apressado, e percebi que era eu. Em algum momento daquilo<br />

tinha experimentado uma satisfação feroz, quase tinha encontrado prazer na<br />

destruição pura. Olhei o que tinha feito e não senti nada. Já não era capaz de<br />

sentir nada. Estava intumescida, e não podia me queixar por isso.<br />

Levantei-me, me apoiando no bordo da cama. A cama já estava manchada<br />

com sangue: o que significaria outro rastro? Meus braços estavam doloridos, e<br />

os músculos tremiam por causa do exercício. Ofereci a espada ao Doyle igual a<br />

ele tinha feito.<br />

-Uma boa espada, o punho nunca escorrega.<br />

Minha voz soou tão vazia de emoção como eu a sentia. Perguntava-me se<br />

estar louco era isso. Se o era, não estava tão mal.<br />

Doyle pegou a espada e se ajoelhou, inclinando a cabeça. Sholto o imitou.<br />

Doyle me saudou com a espada ensangüentada e disse:<br />

-<strong>Meredith</strong>, Princesa da Carne, verdadeira soberana de sangue, bem-vinda<br />

ao círculo íntimo dos sidhe.<br />

Olhei para os dois, ainda um pouco intumescida. Se existiam palavras<br />

rituais para responder, não podia pensar nelas. Ou não as tinha conhecido<br />

nunca, ou não podia fazer funcionar minha cabeça. A única coisa que me<br />

ocorreu dizer foi:<br />

-Posso usar sua ducha?<br />

-É minha hóspede -respondeu Sholto.<br />

O tapete chapinhava sob meus pés, e quando saí dele, deixei rastros de<br />

sangue detrás de mim. Me despi entrei numa ducha muito quente. O sangue<br />

não era vermelho quando escorria pelo ralo, era rosado. Então me dava conta<br />

de duas coisas. Em primeiro lugar, estava orgulhosa da valentia que tinha<br />

mostrado ao matar Nerys e não deixá-la naquele horror. Em segundo lugar,<br />

uma parte de mim tinha passado bem matando-a. Estive tentada em pensar<br />

que a parte que lhe tinha gostado de matá-la estava motivada pela misericórdia<br />

do primeiro pensamento, mas não podia me permitir ser tão generosa comigo<br />

mesma. Eu pensei se a parte de mim que desfrutava afundando a espada na<br />

carne era a mesma parte que fazia com que Andais conservasse sua parte de<br />

carne em um arca fechada no seu dormitório. No segundo que você deixa de<br />

se questionar é o momento em que se converte em um monstro.

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