Meredith Gentry 1 - CloudMe

-Tampouco impediu nunca a ninguém que me matasse.
Doyle fez uma leve reverência.
-Isso não posso negar.
-Então, o que mudou?
-Não sei porque, Meredith, simplesmente o quer assim.
-Nunca fez suficientes pergunta – eu disse.
-E você, princesa, sempre fez muitas.
-Possivelmente, mas quero uma resposta a esta pergunta antes de voltar
para a corte.
-O que pergunta?
Franzi o sobrecenho.
-Por que a mudança de opinião, Doyle? Tenho que saber antes de confiar
minha vida a corte.
-E se ela não quer compartilhar essa informação?
Considerei abandonar para sempre a vida dos elfos por causa de uma só
pergunta não respondida, mas era uma questão muito complexa para mim.
-Não sei, Doyle, não sei. A única coisa que sei é que estou cansada.
-Com sua permissão, utilizarei o espelho do banheiro para contatar com a
rainha e apresentar meu relatório.
Assenti.
-Fique a vontade.
Fez uma profunda reverência e se encaminhou para o banheiro. Tinha que
dobrar a esquina e não era visível do dormitório.
-Como sabia onde estava o banheiro? -Perguntei.
Olhou-me, com uma cara amável mas impenetrável.
-Vi o resto do apartamento. Onde mais poderia estar?
Olhei-o e não acreditei. Ou minha cara não expressou incredulidade ou ele
escolheu não fazer conta. Dobrou a esquina e ouvi que a porta do banheiro se
abria e se fechava.
Sentei-me na borda da cama e tentei recordar onde tinha posto os sacos de
dormir. Doyle tinha salvado a minha vida. O mínimo que podia fazer era
conseguir que se sentisse confortável. Suponho que o que tinha feito por mim
bem valia que lhe oferecesse a cama, mas estava arrebentada e a queria para
mim. Além disso, até que soubesse por que tinha me salvado essa noite,
resistia a me mostrar muito agradecida. Há coisas piores que a morte na corte
da Escuridão. Nerys era um exemplo perfeito disso. A marca da rainha não
seria violada com um feitiço assim. De maneira que, até que estivesse
absolutamente convencida de que não estava me salvando para que
confrontasse algum destino horrível, conteria-me na gratidão. Encontrei os
sacos de dormir no armário da sala de estar. Acabava de desdobrar um ao pé
da cama para arejá-lo, quando senti um grito no banheiro. Doyle levantava a
voz, furioso. A Escuridão da Rainha e a rainha estavam discutindo, ou era o
que parecia. Perguntei-me se me explicaria o porquê da disputa, ou se seria
simplesmente outro segredo que teria que guardar.